Donald Trump perde a conta no Twitter por “incitação à violência”

Rede social revela que “após uma análise detalhada das publicações recentes na conta de Donald Trump e do contexto em torno delas” a conta foi suspensa definitivamente por “incitação à violência”.

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O Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump ERIK S. LESSER/EPA

O Twitter suspendeu esta sexta-feira, de forma permanente, a conta do Presidente cessante dos Estados Unidos, Donald Trump. “Após uma análise detalhada das publicações recentes na conta de Donald Trump e do contexto em torno delas suspendemos permanentemente a conta devido ao risco de nova incitação à violência”, anunciou a rede social.

Na quarta-feira, o Twitter e o Facebook (dono do Instagram, WhatsApp e Messenger) bloquearam a conta de Donald Trump depois de os seus apoiantes invadirem o Capitólio, incentivados pelo ainda Presidente. Mark Zuckerberg, dono do Facebook, afirmou que Trump estava banido por “tempo indeterminado” das plataformas da sua empresa, enquanto o Twitter tinha já afirmado à data que a suspensão poderia ser permanente.

Contudo, após algumas horas de suspensão, Donald Trump regressou ao Twitter e publicou um vídeo a condenar a invasão ao Capitólio dos EUA. A conta esteve activa durante algumas horas até ser suspensa definitivamente.

Publicações poderiam encorajar novos actos violentos

“No contexto dos eventos horríveis desta semana, deixamos claro na quarta-feira que novas violações das Regras do Twitter poderiam potencialmente resultar neste mesmo curso de acção”, acrescenta o Twitter em comunicado, salientando que o objectivo da plataforma, em termos de interesse público, passa por permitir que as pessoas tenham contacto directo com as autoridades eleitas e com os líderes mundiais. “No entanto, há anos que deixamos claro que estas contas não estão acima das nossas regras e não podem usar o Twitter para incitar à violência, entre outras coisas”, acrescenta.

O Twitter dá o exemplo de duas publicações feitas esta sexta-feira, nas quais Donald Trump se dirigiu aos “75 milhões de grandes americanos patriotas que votaram nele e que, disse, terão uma voz gigante por muito tempo no futuro. Eles não serão desrespeitados ou tratados injustamente de nenhuma forma”, escreveu Trump. Pouco depois, o Presidente cessante dos EUA acrescentou: “Para todos aqueles que perguntaram, eu não irei à tomada de posse no dia 20 de Janeiro.”

O Twitter destaca que estas publicações devem ser interpretadas “no contexto de eventos mais amplos no país e das várias formas pelas quais as declarações do Presidente podem ser mobilizadas por diferentes públicos, incluindo para incitar à violência”. A plataforma afirma ainda que há “grande probabilidade” de estas publicações “encorajarem e inspirarem as pessoas a replicarem os actos criminosos que ocorreram no Capitólio dos EUA a 6 de Janeiro”, pelo que o utilizador deve ser “imediatamente suspenso de forma permanente do serviço”.

A decisão, justifica o Twitter, tem por base uma série de factores, incluindo o facto de a declaração de Trump de que não irá estar presente na tomada de posse de Biden “está a ser recebida por vários apoiantes como mais uma confirmação de que as eleições não foram legítimas e é vista como uma negação” da garantia que tinha dado anteriormente, afirmando que iria haver uma “transição ordeira” a 20 de Janeiro. Poderá ser também um “incentivo” para aqueles que ponderam levar a cabo actos violentos durante a tomada de posse de Biden, por considerarem que será “seguro” fazê-lo, uma vez que Trump não comparecerá.

Por fim, a rede social conclui que as palavras de Trump indicam que o Presidente cessante pretende continuar a apoiar e proteger aqueles que acreditam que ele ganhou as eleições, salientando ainda que “planos para futuros protestos armados já começaram a proliferar dentro e fora do Twitter, incluindo a proposta de um segundo ataque ao Capitólio dos EUA a 17 de Janeiro”.

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