Tribunal britânico rejeita pedido de libertação imediata de Assange

Depois de ter recusado a extradição do fundador da WikiLeaks para os EUA, juíza do Tribunal Central Criminal diz que há risco de fuga.

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Manifestação de apoio a Assange à porta de um tribunal londrino HENRY NICHOLLS/Reuters

O Tribunal Central Criminal de Inglaterra e País de Gales, com sede em Londres, rejeitou esta quarta-feira um pedido de libertação imediata e sob fiança do fundador da WikiLeaks. Segundo a juíza Vanessa Baraitser, existe risco de fuga de Julian Assange, por causa da intenção dos Estados Unidos de o julgarem em território norte-americano por crimes de espionagem.

“Estou convicta de que há motivos substanciais para acreditar que se o Sr. Assange for libertado hoje, não se apresentará no tribunal para os procedimentos de recurso”, justificou a magistrada.

A decisão surge dois dias depois de o mesmo tribunal ter recusado um pedido de extradição do hacker e activista australiano, de 49 anos, para EUA, alegando que os seus problemas graves de saúde mental, poderiam levá-lo a cometer suicídio sob custódia norte-americana.

O Departamento de Justiça tem 14 dias a contar da data da decisão para recorrer, pelo que o caso que corre no Tribunal Central Criminal ainda está em aberto

Os EUA acusam Assange de 18 crimes de espionagem, por causa da divulgação de mais de 700 mil documentos confidenciais sobre actividades militares e diplomáticas do país, principalmente nas guerras do Iraque e do Afeganistão, e dizem que colocou em perigo as vidas de diversas fontes dos serviços secretos.

Num cenário de extradição e de condenação do fundador da WikiLeaks nos EUA, prevê-se a aplicação de uma pena de prisão entre os 30 e os 40 anos.

Julian Assange ​encontra-se na prisão de alta segurança de Belmarsh, na capital britânica. Foi preso em Londres em Abril de 2019, depois de sete anos a viver na Embaixada do Equador, onde se refugiou após violar as condições da sua liberdade condicional e por receio de ser extraditado para a Suécia, que o acusava de abusos sexuais – a investigação foi arquivada meses depois da detenção, por falta de provas.

Vanessa Baraitser refere, precisamente, essa longa estadia de Assange nos edifícios da representação diplomática equatoriana em Londres como uma das razões que a leva a recear uma possível fuga do australiano, em caso de libertação imediata.

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