As aulas à distância começaram nesta segunda-feira. Ministério dá dez conselhos para se ajustar à rotina

As aulas presenciais foram suspensas, mas nem por isso os alunos entraram em férias. A tutela lançou um vídeo com conselhos dirigidos aos encarregados de educação e disponibilizou ferramentas para agilizar o processo.

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As aulas presenciais estão suspensas a partir desta segunda-feira Nelson Garrido

As aulas presenciais foram suspensas, a partir desta segunda-feira. A decisão, a primeira de várias desde quinta-feira, está relacionada com a necessidade de inverter a tendência de propagação do novo coronavírus em território nacional. No entanto, a actividade lectiva não acabou, com os professores, uns mais diligentes que outros, a enviarem para os encarregados de educação os trabalhos que esperam que sejam executados durante o tempo de isolamento. Alguns têm já prazos de entrega — e vários são apertados.

Com 14 anos, Maria e João são alunos da mesma escola em Matosinhos. Nesta segunda-feira, à primeira hora da manhã, já executavam os trabalhos enviados pelas respectivas directoras de turma, com tarefas que tinham de estar prontas até meio da manhã e outras antes da hora do almoço.

Em Penafiel, no 11.º ano, Inês tinha, logo pela manhã, trabalhos de Biologia. Mas também uma aula de Matemática recebida por e-mail, com um documento que continha um diálogo ficcionado entre a professora e os alunos; entre os diálogos, as fórmulas e os cálculos e as explicações que seriam escritos no quadro. Inês, que acompanhou a aula passo a passo, apontando no caderno aquilo que, há uma semana, teria sido escrito no quadro, descreve a solução como “genial”.

Também Teresa, a irmã, no 9.º ano, tem vários trabalhos e já foi informada que a não entrega no prazo previsto dá direito a falta de trabalho de casa. E a professora de Matemática criou um grupo de WhatsApp com a turma. “Pela manhã, dá os bons dias e pergunta se estão todos bem [de saúde]”, relata a encarregada de educação, Paula. Já sobre o canto, cujas aulas também foram suspensas com o encerramento da escola de música, as ferramentas virtuais voltaram a ter serventia: “Teve há bocado a aula através do WhatsApp”, conta a mãe.

Outros, porém, ainda estão em fim-de-semana prolongado, com os docentes a acertarem agulhas. É o caso de Gabriel, 15 anos, de Almada, mas a frequentar um curso profissional em Lisboa, que ainda não recebeu qualquer instrução. Também a irmã, Diana, de 13 e a frequentar o 8.º ano no concelho de residência, ainda não recebeu qualquer mensagem da directora de turma.

Dez conselhos para tornar o longe perto

São dez conselhos, proferidos pela comunicadora Margarida Pinto Correia, que visam tornar os estranhos dias em jornadas que se pautam pela normalidade e dirigem-se sobretudo aos encarregados de educação, num vídeo divulgado pelo Ministério da Educação.

  1. Garanta que o horário que a escola estabelece é cumprido
  2. Pergunte todos os dias o que foi feito
  3. Verifique se todos os trabalhos propostos são realizados
  4. Ajude a identificar as dúvidas para colocar aos professores
  5. Mantenha contacto com os professores e com os directores de turma
  6. Lembre-se que os alunos não estão de férias
  7. Aproveite os tempos livres entre as aulas para que haja leitura
  8. Aproveitem para visitar museus e exposições virtuais
  9. Pratiquem actividade física em casa
  10. Quando não conseguir ajudar, peça ajuda

Paralelamente, num comunicado, a tutela informa que “a Direcção-Geral da Educação (DGE), em colaboração com a Agência Nacional para a Qualificação e o Ensino Profissional (ANQEP), construiu um site com um conjunto de recursos para apoiar as escolas na utilização de metodologias de ensino a distância que lhes permitam dar continuidade aos processos de ensino e aprendizagem”.

Um espaço, que a DGE pretende dinâmico, para apoiar as escolas a organizarem os tempos lectivos, incentivando aos alunos o “contacto regular com os professores e colegas”, o “consolidar as aprendizagens já adquiridas” e o “desenvolver novas aprendizagens”.

As linhas gerais do documento definem ainda que seja “criada uma equipa de apoio aos restantes docentes” em cada escola ou agrupamento, apoiando os docentes que tenham menos experiência com as várias ferramentas tecnológicas, adiantando que “brevemente, a DGE irá disponibilizar um curso sobre metodologias de ensino a distância”.

Quanto às ferramentas tecnológicas, a DGE alerta para a necessidade de “haver enorme cuidado para que todos os alunos, independentemente dos dispositivos que utilizem e do software instalado, tenham acesso aos recursos disponibilizados pela escola”. “Deverá ser utilizado software de livre acesso e não muito exigente do ponto de vista tecnológico ou de largura de banda.”

No final da semana, depois de o Governo decidir fechar as escolas, a Porto Editora e a Leya anunciaram disponibilizar gratuitamente todos os conteúdos das suas plataformas, do 1.º ao 12. ano de escolaridade, em todas as disciplinas. Contudo, as duas associações de directores de escolas públicas já vieram a público mostrar a sua preocupação com a possível desigualdade de acesso dos alunos não só aos equipamentos para aceder ao ensino à distância, mas também à falta de Internet.

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