Wall Street regista um dos piores dias desde 1987

Negociação na bolsa de Nova Iorque chegou a estar interrompida 15 minutos, após arranque provocar queda de 7% do S&P 500. Índice Dow Jones fechou hoje com a maior queda desde 1987.

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Reuters/Carlo Allegri

Os índices Dow Jones e S&P 500 encerram esta quinta-feira com o pior desempenho diário desde 19 de Outubro de 1987, designada por “segunda-feira negra”, terminando definitivamente com 11 anos de “bull market” nos EUA. O índice S&P 500 recuou 9,5% - a sua quinta maior queda diária desde que há registo, segundo o Financial Times - recuando 26,7% face ao seu máximo, atingido em Fevereiro de 2019. 

O industrial Dow Jones afundou-se 10% enquanto o tecnológico Nasdaq caiu 9,4%. A bolsa norte-americana acompanhou assim o continente europeu - ilhas britânicas incluídas - numa das piores sessões diárias de que há registo em alguns índices.  

As bolsas de Nova Iorque afundaram para “bear market” (uma expressão que normalmente designa uma queda de 20% desde o último máximo), depois do presidente Donald Trump ter anunciado ontem à noite que, a partir desta sexta-feira, todas os viajantes da Europa (com excepção do Reino Unido) não terão entrada no espaço dos EUA.

A Reserva Federal decidiu, já perto do final da sessão em Nova Iorque (e com as bolsas europeias fechadas), intervir. E a intervenção, assumida através de diversas medidas, significa injectar nos mercados cerca de 1,5 biliões de dólares (milhões de milhões), para garantir que neste momento de crise não há problemas de liquidez. O anúncio abrandou momentaneamente as quedas em Wall Street, mas acabou por não travar o resultado negativo final. 

Os três principais índices norte-americanos – o industrial Dow Jones, o tecnológico Nasdaq e o agregado S&P 500 já recuaram 24% desde o seu máximo intraday.

Os índices bolsistas dos EUA chegaram a estar suspensos durante 15 minutos no arranque, tendo retomado depois a negociação, após a queda repentina de 7% do S&P 500 ter accionado uma suspensão automática após o arranque da negociação. Esta é a segunda vez que há uma paragem automática por queda abrupta dos índices bolsistas em Nova Iorque a seguir à abertura da sessão.

Desde a “segunda-feira negra” de 1987, a que na altura cortou um quinto do valor do Dow Jones (que afundou então 22,6%) que a bolsa nova-iorquina tem um sistema de interrupção da negociação a fim de refrear eventuais situações de pânico dos investidores, todas tendo como referência o índice S&P 500 (o número é referente ao montante de títulos que o índice agrega). A bolsa de títulos de Nova Iorque negoceia normalmente entre as 9h30 e a 16h.  

Há três níveis de quedas que accionam estas paragens automáticas de negociação: uma desvalorização de 7%, uma queda de 13% e uma perda de 20%. Se as quedas de 7% e 13% ocorrerem antes das 15h25 da hora de Nova Iorque, a negociação é suspensa por 15 minutos. Se ocorrer nessa hora ou depois dela, a negociação continua normalmente. No caso de uma desvalorização de 20%, a suspensão de negociação é activada automaticamente, a qualquer hora do dia. 

Já os contratos de futuros - de petróleo, matérias-primas agrícolas, etc - que negoceiam na praça de Chicago (Chicago Mercantile Exchange) só podem cair 5% fora das horas normais de negociação das acções e obrigações.  

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