Greve na Portway cancela quinze voos no Porto, mas número pode aumentar

Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil estima que serão afectados cerca de 3800 passageiros. ANA aconselha passageiros a contactarem as companhias para obterem mais informações.

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Andre Rodrigues

Os trabalhadores da empresa de handling da Portway iniciaram hoje, às 16h, uma greve no aeroporto do Porto, que deverá cancelar 20 voos, disse à Lusa fonte do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (Sintac).

Em declarações à Lusa, Fernando Simões, do Sintac, avançou que os trabalhadores de handling (assistência em terra nos aeroportos) da Portway no Porto estão em greve desde as 16h de hoje, à semelhança do que aconteceu entre 27 e 29 de Dezembro passado.

“Os trabalhadores decidiram, num acto inesperado, e com grande surpresa para nós, fechar as operações desde as 16h, pelo que são cancelados os 20 voos programados para hoje”, disse Fernando Simões, acrescentando que a gare do aeroporto do Porto se encontra “totalmente lotada com passageiros a querer saber mais informações”.

Segundo o sindicalista, serão afectados cerca de 3800 passageiros.

De acordo com a página da ANA na internet, consultada pela Lusa pelas 17h15, a greve provocou o cancelamento de voos da easyJet, da Eurowings e da Transavia. Pela mesma hora, tinham sido cancelados nove voos com partida do Aeroporto Francisco Sá Carneiro e seis com chegada prevista ao mesmo aeroporto. 

A ANA - Aeroportos de Portugal confirmou os “constrangimentos” no aeroporto do Porto e sugere aos passageiros que contactem as companhias para obterem mais informações. Fonte oficial da gestora dos aeroportos sublinhou ainda que “a operação nos restantes aeroportos decorre com normalidade”.

Os trabalhadores da Portway estão em greve sobretudo pela falta de progressão das carreiras e por a empresa não ter chegado a acordo na reunião que teve, juntamente com os sindicatos, na semana passada no Ministério do Trabalho.

“A reunião foi muito rápida porque a empresa chegou e quis revogar o acordo de empresa. Não quer negociar a progressão nas carreiras nem negociar”, disse o sindicalista, acrescentando que a Portway se sentiu “incomodada” por a reunião decorrer no Ministério do Trabalho, “onde há actas que referem a verdade dos acontecimentos”.

Segundo o sindicalista, a empresa, durante a reunião, demonstrou “um total desrespeito por todos ao vir dizer que tem de ser um acordo novo e que quem não o aceita não é bem-vindo”. De acordo com Fernando Simões, a Portway “ameaçou os trabalhadores que se fizessem greve iam ser despedidos”.

Em 20 de Dezembro transacto, o Sintac anunciou um pré-aviso de greve na Portway para os dias 27, 28 e 29 de Dezembro nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal e para o trabalho aos fins-de-semana, entre 1 de Janeiro e 31 de Março.

Na altura do pré-aviso de greve, o Sintac, em comunicado, indicou que decidiu avançar para a greve, porque a empresa, “através dos seus administradores pertencentes ao grupo Vinci, “não cumpriu o devido descongelamento de carreiras no passado mês de Novembro conforme tinha assinado em 2016”.

A Portway é a empresa de handling (assistência em terra de pessageiros e bagagens) da ANA – Aeroportos de Portugal, dona dos aeroportos nacionais que foi privatizada e ficou nas mãos do grupo Vinci.

Entretanto, em comunicado hoje divulgado, a Portway revela que o Sintac “inviabilizou uma solução de diálogo” proposta pela empresa, no passado dia 8 de Janeiro.

“Esta proposta, para retomar o diálogo construtivo interrompido em Novembro pelo Sintac, constituía um compromisso da empresa para a obtenção de consenso global com as estruturas sindicais no mais curto período de tempo. Este compromisso foi recusado pelo Sintac. Este sindicato decidiu dar seguimento à greve e inviabilizar uma solução de diálogo”, pode ler-se no documento.

No comunicado, a Portway reafirma a sua postura “construtiva e socialmente responsável”, recordando que, em Março de 2016, para evitar o despedimento colectivo, após decisão de montagem de operação de self-handling por parte de um importante cliente, “a empresa negociou um Acordo de Empresa (AE), introdução de regras de flexibilidade na organização do trabalho e congelamento da progressão dos salários e carreiras”.

A empresa refere também que em Novembro passado fez “a actualização de tabelas, carreiras, anuidades e restantes condições remuneratórias”, conforme previsto no AE, “representando um aumento médio global de remunerações de cerca de 8%”.

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