Voos cancelados em Lisboa devido à greve na Portway

Pelo menos quatro voos foram cancelados. O dirigente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil prevê que o número de cancelamentos aumente ao final da tarde e noite. Portway diz que está disponível para dialogar e que a greve é “incompreensível”.

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A greve da Portway avançou porque a empresa, “não cumpriu o devido descongelamento de carreiras no passado mês de Novembro conforme tinha assinado em 2016”. LUSA/MIGUEL A. LOPES

A greve dos trabalhadores da Portway já levou ao cancelamento de voos da easyJet no aeroporto de Lisboa e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Aviação Civil (SINTAC) adiantou à Lusa que “há perspectivas de mais cancelamentos”.

De acordo com informações do SINTAC, os cancelamentos serão de oito ligações da companhia no aeroporto de Lisboa, mas a Lusa confirmou, para já, apenas quatro no site da ANA - Aeroportos de Portugal, um em direcção a Paris e outro a Bordéus, bem como um voo proveniente de Amesterdão e outro de Madrid.

Fernando Simões, dirigente do SINTAC adiantou que “há ainda perspectivas de mais cancelamentos” durante o final da tarde e noite de hoje. O sindicato estima que o primeiro dia da greve tenha numa adesão nacional entre 80% e 85%.

De acordo com a informação enviada à Lusa por Fernando Simões, ao início desta tarde, no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, os voos “estão com atrasos que variam de 30 minutos a mais de uma hora” devido à paralisação, sendo que “todas as escalas” registam atrasos.

De acordo com o responsável, “já há voos em que a bagagem dos passageiros que chegam vai de volta no avião, porque não é retirada”. Fernando Simões acredita que os atrasos se irão “intensificar a partir das 17h30”, visto que há mais voos. A Lusa consultou no site da ANA os aeroportos afectados e confirmou os atrasos.

No dia 20 de Dezembro, o SINTAC anunciou um pré-aviso de greve na Portway para hoje, sábado e domingo nos aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal.

Em comunicado divulgado na altura, o SINTAC indicou que decidiu avançar com o referido pré-aviso de greve na Portway, porque a empresa, “através dos seus administradores pertencentes ao grupo Vinci, respondeu com a denúncia do acordo de empresa em vigor, e não cumpriu o devido descongelamento de carreiras no passado mês de Novembro conforme tinha assinado em 2016”.

O SINTAC referiu que, “como se ainda não bastasse”, a empresa “começou a cortar abonos sociais e direitos adquiridos por todos os seus trabalhadores ao longo de 20 anos, não reconhecendo assim todo o esforço dos trabalhadores ao longo dos anos, e tudo isto com um único objectivo, o de não baixar os seus lucros a fim de poder encher ainda mais os cofres do grupo Vinci.

ANA fala em “constrangimentos”, companhias avisam passageiros

 A ANA disse esta sexta-feira que a greve está a provocar “alguns constrangimentos” na operação das companhias, garantindo estar a “enveredar esforços” para minimizar os efeitos juntos dos passageiros. A gestora aeroportuária garantiu ainda que “está a enveredar esforços” para minimizar as consequências que a paralisação tem para os passageiros e sugeriu que estes “contactem as companhias aéreas ou representantes para obterem mais informações”.

A Cabo Verde Airlines (CVA) alertou também que a greve pode levar a perturbações na entrega de bagagens, nos voos a partir de Lisboa e na assistência aos passageiros. A companhia aérea cabo-verdiana lamentou a situação e garantiu que as bagagens vão chegar ao seu destino final e que todos os passageiros serão notificados assim que a situação for regularizada. Porém, notou que a greve poderá ainda “gerar atrasos nos voos com partida de Lisboa”, bem como perturbações na assistência aos passageiros.

A CVA está a desenvolver “todos os esforços para assegurar que os passageiros chegarão ao seu destino final e que têm toda a assistência necessária”, concluiu.

Portway diz que greve é “incompreensível"

A Portway diz que a “incoerência” do sindicato que convocou a paralisação “ameaça a empresa”. Em comunicado, o grupo classifica esta acção de protesto de “incompreensível, sem fundamentos” e garante que “prejudica a empresa e consequentemente os seus trabalhadores”.

A empresa realça ainda que “está empenhada em minimizar os impactos desta paralisação, cumprindo escrupulosamente a lei e todas as regulamentações e acordos aplicáveis”, recordando que “negociou com todos os representantes sindicais da empresa e com o próprio SINTAC um novo AE [acordo de empresa], no passado mês de Julho, acordo esse que mereceu o aval positivo de todos”.

A Portway garante que “procedeu em Novembro à aplicação das tabelas remuneratórias convencionadas e à aplicação das restantes condições remuneratórias previstas no acordo de empresa em vigor, o que representou um aumento médio de cerca de 8% nas remunerações”. “Apesar disto, e incompreensivelmente, o SINTAC recusou-se a assinar o novo AE que tinha negociado, impossibilitando a recuperação das retribuições de todos os colaboradores da empresa e a obtenção de um instrumento de regulamentação do trabalho único e com vantagens importantes para os trabalhadores”, critica a empresa.

A empresa afirma que “mantém disponibilidade total para retomar o diálogo com todos os parceiros sociais no sentido de chegar a um acordo que permita acabar com a paralisação decretada”, assegurando que “nunca recusou negociar e manteve sempre o calendário das negociações”.

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