7 restaurantes saudáveis, sazonais e vegetais

Uma selecção de restaurantes pelo país onde carne e peixe não entram, que apostam na agricultura biológica e que dão a conhecer o leque de sabores imenso da cozinha vegetariana.

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Paulo Pimenta

São João da Madeira: Aconchego do Quintal 

Este é um espaço onde só “comida de verdade” está autorizada a entrar. Aconchego do Quintal nasce sob o conceito farm to table (do campo para a mesa). E por uma razão muito simples: a maior parte dos produtos servidos vêm directamente do quintal das proprietárias, Francisca Feiteira e Dilma Fernandes.

“Tudo o que nós servimos, ou a grande maioria, procuramos que seja o mais sazonal possível”, conta Francisca. E quando não vêm do quintal chegam de produtores locais com quem têm parcerias. Não é, portanto, difícil decifrar o nome do estabelecimento. “Aconchego” porque querem que as pessoas se sintam em casa quando lá vão. E “Quintal” porque queriam “que tivesse essa tal parte que remetesse ao campo, à horta, que remetesse para o verde”.

Só não querem rótulos — como o de restaurante vegetariano, porque um destes dias também podem querer cozinhar carne. No Aconchego, vinca Francisca, só há “comida com sabor a comida”. “Nós às vezes até nos esquecemos do sabor das coisas. E aqui nós voltámos com esses sabores.” L.O.C.

Aconchego do Quintal
Avenida do Vale, 617
São João da Madeira
Tel.: 256 888 064
Fecha ao domingo

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Teresa Pacheco Miranda

Covilhã: Ananda Café 

Nasceu em 2012, no centro da universitária Covilhã, o Ananda Café, uma pequena ramificação da Ananda Marga, organização mundial sem fins lucrativos cuja missão é a auto-realização e o bem-estar colectivo.

A aventura gastronómica, que vai muito além dos pratos que nos são servidos, conta com uma produção agrícola biológica na zona da serra da Estrela e chega a esta cozinha pelas mãos da filipina Shila Serrano, vegetariana desde os 18 anos que largou a sua vida em França para abrir o primeiro espaço vegetariano da Covilhã juntamente com o filho Jishnu, vegetariano desde o primeiro dia de vida.

“Sabia que tinha jeito para a cozinha e precisava de fazer alguma coisa para me integrar na sociedade portuguesa”, diz Shila. “O mais importante não é a receita que encontramos nos livros ou na Internet, mas antes a criatividade que temos dentro de cada um de nós”. O colorido e a energia do Ananda Café chega aos pratos servidos diariamente. L.O.C.

Ananda Café
Rua Comendador Campos Melo, 44
Covilhã
Tel.: 969 790 260
Fecha ao domingo

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Viana do Castelo: Bem Me Faz 

7 de Novembro de 2018. Nesse dia nasceu, no número 70 da Rua de Viana, em Viana do Castelo — mesmo ao lado dos cozidos e dos sarrabulhos do Maria de Perre e de outros restaurantes tradicionais minhotos — o primeiro restaurante vegetariano da cidade.

“Não havia nada”, diz à Fugas Carlos Magalhães, em vias de se converter completamente ao vegetarianismo que preenche as sugestões diárias do Bem Me Faz (de segunda a sábado, das 12h às 15h; preço fixo de dez euros). Pensada e preparada pela esposa Sílvia Sá, ex-bancária “saturada”, a receita macrobiótica passa por “alimentar as pessoas com coisas que façam bem”.

Produtos da época e, sempre que possível, provenientes de produtores da região. E há “um mundo infindável de possibilidades”, apresenta Carlos. “A alimentação diária deve ser isto: comida caseira num espaço onde as pessoas se sintam bem”. Sopa de cevada ou de raízes. Rolo de lentilhas ou empadão de bulgur e húmus de feijão e grão. Tarte de maçã e sultanas ou bolo de curgete e laranja. L.O.C.

Bem Me Faz
Rua de Viana, 70, Viana do Castelo
Tel.: 258 822 348
Fecha ao domingo

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Guimarães: Cor de Tangerina

Em Agosto do ano passado comemoraram 12 anos e celebraram o dia em que abriram “as janelas para a vida” — mesmo ao lado do Castelo de Guimarães.

O projecto Cor de Tangerina e os seus aprazíveis espaços interiores e exteriores estende-se a várias frentes. “A cozinha criativa, a agricultura biológica, o comércio justo, a educação e a arte continuam a ser pilares que alimentamos diariamente”, assumem Liliana Duarte e Álvaro Dinis Mendes, dupla que aposta na venda directa de produtos de comércio justo e de agricultura biológica e na promoção de competências educativas em torno da natureza, alimentação e criatividade.

Do menu fixo fazem parte a fusilli gratinada com cogumelos e salsa, o tofu com broa, batata assada em seu lençol de esparregado, arroz caldoso com cogumelos selvagens e queijo da ilha e filo de caju recheado com enchidos de soja, vegetais e puré de duas batatas com tomilho. Há ainda um prato diferente todos os dias que “visa dar a conhecer o leque de sabores imenso da cozinha vegetariana”. L.O.C.

Cor de Tangerina
Largo Martins Sarmento, 89, Guimarães
Tel.: 253 542 009
Fecha ao domingo e segunda-feira

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Ponta Delgada: Rotas da Ilha Verde 

Catarina chegou a Ponta Delgada, alugou um espaço para vender o seu artesanato (onde servia tostas de queijo de São Jorge). Abriu o restaurante Rotas da Ilha Verde em 2006. “Fará 13 anos em Julho”, conta à Fugas.

E o que mudou na ilha no que ao vegetarianismo diz respeito? “Muitíssimo. Não havia qualquer referência sobre o que era a cozinha vegetariana, nem mesmo produtos à venda nas lojas. Neste momento existe uma panóplia de produtos, de lojas especializadas e os próprios restaurantes têm o seu prato vegetariano presente no menu. Numa terra em que a carne de vaca e o peixe são reis, é de valor haver esta mudança.”

Muitas das pessoas “mudaram parcial e até completamente” o seu estilo de alimentação. O passo seguinte foi a expansão — já experimentaram as receitas do Louvre Michaelense e do espaço Primos? O menu do Rotas é sazonal e respeita a época dos produtos, daí que a mudança do menu seja constante e que se faça duas vezes por ano, pelo menos. L.O.C.

Rotas da Ilha Verde
Rua de Pedro Homem, 49, Ponta Delgada
Tel.: 296 628 560
Fecha ao domingo

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Setúbal: Boba Garden

Queríamos provar pratos vegetarianos e até nos fizemos acompanhar por alguém mais habilitado no assunto, mas no dia agendado, sábado, só serviam brunch. Seja. As hipóteses eram: minibrunch ou brunch para dois. Venha o duplo. No pátio, que está fresco e florido.

Começa-se com queijo fresco salpicado de ervas aromáticas, seguem-se as torradas com ovos mexidos, a que se pode adicionar compotas de morango, abóbora e chila. A limonada com hortelã está óptima, mas o sumo de beterraba com laranja também é uma boa opção. Se tivéssemos pedido o minibrunch, teríamos direito a salada. Fez falta.

O Boba Garden abriu em Junho de 2018 e o nome inspira-se “numa bebida, mais de Verão, feita com bagas boba”, explica a afável Raquel, por trás do balcão. Consultadas outras fontes, ficamos a saber que os sócios-proprietários, Francislane Ferreira e Nicholas Kane, provaram há tempos um bubble tea em Londres e quiseram trazê-lo para Setúbal. Fizeram bem.

O “restaurante saudável”, como se apresenta o Boba Garden, instalou-se na Baixa, mas não contava com as duradouras obras de outros edifícios por perto. Essa circunstância tem privado alguns potenciais clientes de provar a lasanha vegetariana, a sopa de lentilhas, a feijoada e o strogonoff vegan, o caril de legumes com arroz ou o tofu à brás (iguarias expostas em buffet e vendidas a peso). E ainda os chás com frutas frescas ou de menta e chocolate e os waffles agridoces, entre outras propostas, várias isentas de glúten.

Continuamos com o brunch. À chegada das panquecas (com canela, morangos e banana) e do iogurte grego com granola, é tempo de fazer um reparo. Os ovos estavam salgados. Carina, que os preparara, dispõe-se a cozinhar de novo. Dizemos-lhe que não é preciso e damos-lhe a conhecer a teoria que um professor de hotelaria nos ensinou: quando a refeição nos é servida salgada ou, pelo contrário, sem pitada de sal, isso significa que a cozinheira está apaixonada. Carina, mais descontraída, ri-se e diz: “Então isso é mesmo verdade. Eu vou-me casar na quinta-feira.” O sorriso abre-se ainda mais. Está desculpada. R.P.

Boba Garden
Rua Antão Girão, 85 (entrada principal); Avenida 5 de Outubro, 27 (entrada pelo pátio), Setúbal
Tel.: 265 404 290
Fecha ao domingo

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Rogil: Onda Natural

O restaurante Onda Natural não é apenas um restaurante para quem é vegetariano ou vegan poder ter uma alternativa numa Costa Vicentina mais dominada por outros pratos – é um óptimo restaurante vegetariano, com uma grande maioria de opções vegan, de pleno direito.

O restaurante encontra-se no Rogil (Aljezur), uma localidade mais conhecida pelos percebes, que estão até homenageados numa escultura numa rotunda. Seria difícil não dar por ele: está mesmo à beira da estrada principal.

A comida é deliciosa, e pode-se escolher entre um prato do dia e os pratos da carta – destaque para o “burguer” de batata-doce e grão, que é uma delícia, assim como o bolo de batata-doce (vegan, como grande parte das sobremesas) é uma bela razão para voltar. A batata-doce é um dos produtos da região que aparece frequentemente na carta – muitos dos pratos têm como base produtos locais.

Para beber há várias hipóteses, dos sumos naturais às cervejas artesanais. A sala é espaçosa, verde, com janelas amplas e muita luz. Além de tudo isto, o atendimento é muito simpático, e os anfitriões darão com todo o gosto explicações sobre os pratos. O restaurante inclui ainda ao lado uma loja com produtos locais, desde licores a compotas e bolachas caseiras. M.J.G.

Onda Natural
Av. 16 de Junho, 134
Rogil
Tel.: 282 995 328 
Horários: em Maio abre aos fins-de-semana, a partir de 1 de Junho de 4ª a 2-ª (folga 3ª); 12h30 às 16h30 / 18h30 às 22h30. Pratos desde 7,5 euros (mini) e 11 euros

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