PS desvaloriza e CDS ironiza sobre propostas do PSD

No debate quinzenal no Parlamento, António Costa remeteu para mais tarde uma posição do Governo socialista sobre as medidas dos sociais-democratas para a promoção da natalidade. CDS saudou aparecimento de propostas semelhantes a outras que já apresentou - e que foram chumbadas.

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Fernando Negrão convidou o primeiro-ministro a pronunciar-se sobre as propostas apresentadas na segunda-feira pelo PSD LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Um dia depois de Rui Rio ter apresentado um conjunto de propostas para a infância o líder da bancada social-democrata aproveitou ontem o debate quinzenal para desafiar o primeiro-ministro a pronunciar-se sobre elas. António Costa foi evasivo, mas o CDS acusou o toque e não deixou de ironizar, ao saudar o PSD por fazer agora propostas sobre uma matéria que é cara aos centristas.

Em resposta a Fernando Negrão, o primeiro-ministro disse que as propostas eram certamente bons contributos para o debate, mas remeteu para mais tarde uma posição sobre elas. Um membro do Governo acrescentou ao PÚBLICO que as ideias são “interessantes”, mas falta saber onde se vai buscar o dinheiro para as concretizar.

Assunção Cristas deu as “boas-vindas” ao primeiro-ministro por mostrar abertura para debater medidas de estímulo à natalidade já chumbadas pelo PS no Parlamento. Sem o dizer, a líder do CDS dava o recado ao PSD, por agora também colocar o tema na agenda. Rui apresentou, no âmbito do Conselho Estratégico Nacional, que está a preparar o programa eleitoral do partido, propostas que visam travar a “hemorragia demográfica”. Uma delas prevê a atribuição de cerca de 10 mil euros por cada criança até aos 18 anos em substituição dos abonos de família. Nuno Magalhães, líder da bancada centrista, disse ao PÚBLICO que as propostas “vêm ao encontro do que foi apresentado pelo CDS” e, nesse sentido, mostrou abertura para a sua discussão.  

Já para o PCP, a “garantia dos direitos das crianças passa também pela garantia dos direitos dos pais”, por isso, a deputada Paula Santos diz ser impossível desligar os primeiros de questões como a articulação da vida profissional com a familiar (através, por exemplo, da regulação do horário de trabalho, do combate à precariedade ou do aumento da rede pública de creches e universalidade do pré-escolar), ou o combate à pobreza infantil (com o aumento dos salários).

Os comunistas até têm actualmente propostas parecidas com as avançadas pelo PSD na segunda-feira, como o alargamento da licença de maternidade, mas preferem só falar sobre as sociais-democratas quando estas forem entregues no Parlamento. E desconfiam muito: “É preciso, no mínimo, uma grande dose de demagogia e hipocrisia para o partido que teve grandes responsabilidades na vida de jovens casais, a quem cortou salários, desregulou horários, aumentou a precariedade e cortou abonos de família, vir agora falar de protecção das crianças”, comenta Paula Santos.

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