Mães manifestam-se em seis cidades contra adopções na IURD

Concentrações agendadas para sábado à tarde em Faro, Beja, Coimbra, Leiria, Porto e Lisboa.

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Em causa está a ligação da IURD com alegados raptos e tráfico de crianças nascidas em Portugal NELSON GARRIDO / PUBLICO

Um movimento cívico formado por um grupo de mães promove no sábado uma concentração em cinco cidades do país para "exigir respostas" sobre os casos de adopções ilegais que envolveram elementos da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD).

Revoltadas com as adopções ilegais da IURD denunciadas pela TVI e inspiradas pela campanha "#Não adopto este silêncio", oito mulheres decidiram unir-se e criar o "Movimento Verdade". "Quisemos fazer alguma coisa. Começámos a ver que as instituições não estavam a dar respostas objectivas e eficazes a estas famílias e achámos que tínhamos de criar um movimento para ajudar estas pessoas", disse uma das fundadoras do movimento, Ana Piedade, nesta sexta-feira.

A mesma representante explicou que o objectivo do movimento é que seja criada uma comissão independente para "uma investigação isenta a estes casos", considerando que "não faz sentido a Santa Casa da Misericórdia investigar-se a si própria e o Ministério Público investigar-se a si próprio".

"Pretendemos que haja uma investigação eficaz e que as instituições tenham uma postura muito mais clara perante estes casos de adopções" que levaram ao desaparecimento de "dezenas de crianças que foram roubadas às mães biológicas com relatórios da Santa Casa com informação falsa e difamatória" a partir de um lar ilegal da IURD.

Para que seja criada a comissão independente e a Assembleia da República debata esta situação, o "Movimento Verdade" lançou uma petição online, que conta com cerca de 2000 assinaturas.

Em solidariedade com as famílias que ficaram sem os filhos e para "exigir respostas" das instituições, o "Movimento Verdade" promove às 15h de sábado concentrações em Faro, Beja, Coimbra, Leiria e Porto, junto às respectivas câmaras municipais, e em Lisboa, em frente da Assembleia da República.

"Estamos à espera que os portugueses se mobilizem por esta causa" e que "haja uma grande adesão. Estamos a fazer por isso porque achamos que é uma causa muito nobre", disse Ana Piedade. "Não há causa mais nobre do que apoiar uma mãe a quem roubaram um filho", sustentou, rematando: "A família é o pilar basilar das nossas vidas."

A TVI exibiu uma série de reportagens denominadas O Segredo dos Deuses, na qual noticiou que a IURD esteve alegadamente relacionada com o rapto e tráfico de crianças nascidas em Portugal.

Os supostos crimes terão acontecido na década de 90, com crianças levadas de um lar em Lisboa, que teria alimentado um esquema de adopções ilegais em benefício de famílias ligadas à IURD que moravam no Brasil e nos Estados Unidos.

A IURD refutou as acusações de rapto e de um esquema ilegal de crianças portuguesas e considera-as fruto de "uma campanha difamatória e mentirosa". Segundo informações avançadas pela TVI, a IURD tem actualmente nove milhões de fiéis, espalhados por 182 países, 320 bispos e cerca de 14 mil pastores.

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