Banco de Portugal acredita em ofertas firmes de aquisição do Novo Banco

BCP, BPI, Apollo, Centerbridge, Lone Star e China Minsheng têm até às 17h desta sexta-feira para formalizar propostas de compra do terceiro maior banco português.

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Expectativa do Banco de Portugal, liderado por Carlos Costa é que se confirmem as intenções de aquisição do terceiro maior banco português Miguel Madeira

Termina esta sexta-feira o prazo para os interessados em comprar o Novo Banco apresentarem propostas finais e melhoradas. Em causa estão as cinco entidades que participaram no concurso público, os dois bancos BCP e BPI e os fundos norte-americanos Apollo, Centerbridge e Lone Star, grupo a que junta o China Minsheng Financial Holding, que desenvolveu negociações em paralelo. 

O PÚBLICO apurou que a expectativa dentro do Banco de Portugal (BdP), que gere o Fundo de Resolução, o dono do Novo Banco, é que todas as entidades (recorde-se que a Apollo e o Centerbridge se articularam) acabem a confirmar as intenções de aquisição do terceiro maior banco português. Algo que terão de fazer até às 17h00 desta sexta-feira, quatro de Novembro.

E que no pior dos cenários, o BCP, o BPI, a Apollo/Centerbridge e a Lone Star conservem os termos das suas ofertas iniciais de compra de 100% do Novo Banco, enviadas a 30 de Julho, e que continuem disponíveis para estudar o dossiê. Mas o supervisor admite outro quadro como mais plausível. Que algumas das entidades formalizem propostas revistas para responder às preocupações e aos pedidos dados a conhecer pelo Fundo de Resolução nos últimos três meses em que estiveram a negociar. Em cima da mesa esteve sempre um modelo de venda com timings e condições muito flexíveis.

Todas as propostas que a 30 de Julho chegaram ao BdP revelaram-se genéricas e desalinhadas com os objectivos do vendedor. O BCP entregou uma folha com uma mera declaração de vontade de aquisição, enquanto o BPI informou em que linhas se podia envolver. Todos estes sinais de pouco empenho levaram aos sucessivos adiamentos (desta segunda tentativa do Novo Banco), de Julho para Setembro e de Setembro para Novembro. E obrigaram o Fundo de Resolução a repescar o plano B, que consubstancia a solução de mercado. No início de Outubro, o PÚBLICO divulgou que existiam negociações com o China Minsheng, que tinha intenção de assumir mais de 50% da instituição liderada por António Ramalho, mas o "desejo" não era vinculativo.

A 3 de Agosto de 2014, para resgatar o ex-BES (agora Novo Banco) o Estado injectou 3900 milhões de euros no Fundo de Resolução, a que acrescem mil milhões colocados pelo sistema financeiro. Se a transacção for abaixo de 4900 milhões de euros obriga ao reconhecimento de um prejuízo que pode levar o Estado a voltar a emprestar dinheiro (a preços de mercado) ao veículo gerido pelo BdP. Isto, para que o Fundo possa acorrer a novo incidente.  

É em ambiente de pressão que decorrem os contactos finais entre o Fundo e os potenciais compradores. O Governo português assumiu dois compromissos com Bruxelas: até Agosto de 2016 tinha de demonstrar "um dever de esforço" na alienação do Novo Banco; tinha ainda de chegar a Agosto de 2017 com a venda do Novo Banco concluída. Esta segunda-feira o BdP veio prolongar, por mais três meses, o contrato de prestação de serviços de consultoria celebrado com Sérgio Monteiro, o ex-secretário de Estado das Obras Públicas de Passos Coelho. Monteiro assinou a 1 de Novembro de 2015 um contrato polémico de condução da venda da instituição por um período de 12 meses e a contrapartida financeira de 304.800 euros.

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