PCP e BE querem reunião urgente no Parlamento sobre fogos

PSD e CDS só tencionam pronunciar-se sobre a proposta da esquerda de ouvir o Governo sobre a estratégia de combate aos incêndios na reunião da conferência de líderes, ao final da tarde.

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O Bloco e o PCP levarão a questão dos incêndios à conferência de líderes desta tarde Pedro Nunes

Os responsáveis do BE vão propor hoje a marcação urgente de uma reunião da comissão permanente da Assembleia da República sobre o problema dos incêndios em todo o país, na conferência de líderes, anuncio o partido em comunicado. Os bloquistas vêm assim juntar-se ao PCP que na terça-feira à tarde fez saber que quer o Governo no Parlamento para fazer um ponto da situação sobre os fogos e a estratégia de combate à calamidade que se abateu sobre o continente e a Madeira na última semana.

“Levaremos à conferência de líderes, que reúne esta tarde, a proposta de marcação urgente de uma reunião da comissão permanente para que possa ser discutido, juntamente com o Governo, o combate aos incêndios e o acionamento de planos de reconstrução para as áreas ardidas e de programas de apoio a todas as populações afetadas, especialmente as que perderam as suas habitações”, lê-se no texto do Bloco.

Para o BE, “é particularmente preocupante a situação que se vive na Madeira e no Funchal, onde o fogo atingiu áreas urbanas, incluindo o centro histórico” e o partido “apoia a mobilização de todos os meios necessários, nacionais e internacionais, para combater o incêndio no Funchal”.

O PCP anunciara na véspera ir dar prioridade à questão dos incêndios na conferência de líderes de hoje, pelas 18h00, em detrimento do pedido do CDS-PP para ouvir o Governo sobre viagens de secretários de Estado oferecidas pela Galp. António Costa também havia comentado o assunto das viagens ontem à tarde, durante uma visita à Protecção Civil.

O grupo parlamentar do CDS-PP tinha requerido uma reunião extraordinária para formalizar uma audição ao executivo socialista sobre as deslocações de três secretários de Estado para ver jogos de futebol do Europeu França2016 à custa da empresa energética portuguesa Galp.

"Vamos propor encontrar uma forma muito ágil de obter do Governo um ponto de situação sobre os fogos florestais e esta situação no Funchal, muitíssimo grave. Uma reunião muito urgente, que ultrapasse os prazos formais de convocatória, com a Administração Interna, seja a ministra ou o secretário Estado. O ideal seria ainda esta semana, com deputados de todos os partidos, possivelmente sexta-feira", disse à Lusa o deputado comunista António Filipe.

Contactados pelo PÚBLICO sobre esta proposta da esquerda, o PSD remeteu comentários para o fim da tarde e o CDS respondeu que não se oporá, acrescentando que "é sobretudo tempo de combater esta tragédia e prestar a nossa solidariedade com os bombeiros, protecção civil, autarcas e populações".

Três pessoas morreram na terça-feira, no Funchal, na sequência dos incêndios que deflagraram no concelho na segunda-feira. As mortes ocorreram na zona da Pena, na freguesia de Santa Luzia, na Travessa Silvestre Quintino de Freitas, sendo moradores de duas das residências atingidas pelo fogo.

Os incêndios que deflagraram pelas 15h30 de segunda-feira e provocaram ainda dois feridos graves, um desaparecido, cerca de mil desalojados, entre residentes e turistas, muitas casas e um hotel [Choupana Hills] foram consumidos pelas chamas, tendo o fogo descido à cidade na noite de terça-feira e afectado o centro histórico de São Pedro. Os prejuízos materiais são avultados.

As autoridades tiveram de evacuar dois hospitais, diversos hotéis, estando cerca de 600 pessoas no Regimento de Guarnição n.º3 (quartel do Funchal), 300 no estádio dos Barreiros e 50 no centro cívico de São Martinho.

Cerca de 135 efectivos, 115 oriundos de Lisboa e outros 20 dos Açores, foram enviados para a Madeira para reforçar as equipas no combate aos incêndios.

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