"Brexit" deve travar o "alastrar de mal-estar" em relação à UE, diz Costa

Primeiro-ministro português defende a necessidade de reconquistar confiança dos cidadãos nas instituições europeias.

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António Costa em foto de grupo na cimeira de Bruxelas JOHN THYS/AFP

A União Europeia não pode encarar o "Brexit" como um problema exclusivamente britânico, vai defender o primeiro-ministro português no jantar de trabalho desta noite com os restantes dirigentes dos países europeus.

A falta de confiança dos cidadãos nas instituições europeias gera um sentimento negativo em relação à UE, que cria sérios problemas aos funcionamento da UE e que é preciso enfrentar, vai dizer António Costa aos seus pares esta noite, apurou o PÚBLICO.

A "má notícia" da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) deve servir para travar o "alastrar de mal-estar" dos cidadãos relativamente à Europa, disse ainda António Costa aos jornalistas portugueses em Bruxelas.

À entrada para a cimeira dos chefes de Estado e do Governo da UE, António Costa notou que a saída do Reino Unido é "uma má notícia", mas que deve servir para definir um novo quadro de relacionamento entre os 27 e os britânicos, mas também para perceber como "evitar que situações destas se repitam" noutros locais e se "trave este alastrar de mal-estar relativamente à Europa".

"Este mal-estar que tem uma causa: os cidadãos deixaram de sentir que a Europa lhe é útil no seu dia-a-dia, não responde aos medos, aos receios e às ansiedade e isso implica uma viragem de políticas", afirmou.

O chefe do Executivo sublinhou que, depois da vitória da opção pela saída no referendo de quinta-feira no Reino Unido, é necessário olhar para as causas desta votação que são semelhantes ao fomentar do populismo em vários países. Assim, a UE deverá dar "resposta àquilo que são as necessidades das pessoas", nomeadamente a nível da segurança, economia e integração e coesão social.

O "Brexit" é um problema que é preciso resolver rapidamente, mas é apenas uma parte do problema, sublinhou. O primeiro-ministro argumentou ainda que a Europa deve abrir as negociações com o Reino Unido de "forma amigável, não procurando utilizar estas negociações como castigo a quem livre e democraticamente decidiu escolher o seu caminho".

"Não se trata de divórcio, nem de separação amigável, mas de prosseguir uma relação de trabalho conjunto com o Reino Unido de uma forma distinta daquela que temos tido até agora", concluiu.

O "Brexit" estará hoje em discussão num jantar de trabalho dos líderes europeus, enquanto na quarta-feira decorrerá, pela primeira vez, uma reunião informal a 27, sem a presença do Reino Unido.

Quanto ao Presidente da República, mostrou-se favorável a que uma maior rapidez do processo de saída do Reino Unido da UE. "Fanharia em ser desdramatizado mas rápido", afirmou em Lisboa. "O Conselho Europeu tem um papel muito importante na definição dos termos das negociações que têm de ser feitas, na escolha dos negociadores, naquilo que eu já disse que ganharia em ser desdramatizado, para que todos pudessem conhecer em que termos é que se vai processar o futuro depois da decisão britânica", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.

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