Rio acredita que posição do Governo é "mais confortável do que aparenta ser"

Ex-presidente da Câmara do Porto perspectiva "possíveis problemas" para o Orçamento de 2017.

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Rui Rio Fernando Veludo/NFactos

O ex-presidente da câmara do Porto, Rui Rio, disse esta terça-feira que acredita que a posição do actual Governo "é mais confortável do que aquilo que aparenta ser", perspectivando "possíveis problemas" na discussão do orçamento para 2017.

"Se este Governo dura a legislatura? Isso não sei. Mas estes dois primeiros anos não vão ser tão difíceis quanto aquilo que é suposto (...). Depois, quando os indicadores se degradarem, se vierem a degradar por causa do consumo com reflexos nos mercados, aí 'a porca pode torcer o rabo' e aí é que a cara não bate com a careta, ou seja votaram nestes para vivermos melhor e agora estes vão cortar, mas para cortar os especialistas são os outros e não estes", disse Rui Rio.

O ex-autarca, que falava enquanto convidado do programa Quadratura do Círculo da SIC numa conferência promovida no âmbito do 15.º aniversário da estação de televisão, quando questionado sobre se acredita que o PS conseguirá cumprir o que prometeu à maioria parlamentar que o acompanha, disse acreditar que "em 2016 sim" e que as dificuldades surgirão quando o BE e o PCP fizerem "pressão" para que o Governo alargue "mais do que aquilo que pode alargar".

Rui Rio considerou que "a posição do Governo é mais confortável do que aquilo que aparenta ser", apontando possíveis problemas na discussão do Orçamento do Estado para 2017: "BE e PCP vão ter de se definir. Ou há orçamento ou não há orçamento. Ou passa ou não", perspectivou.

Já sobre as Presidenciais, Rio não quis entrar em detalhes, vincando sempre estar ali enquanto comentador, mas à pergunta sobre se está arrependido de não ter entrado na corrida respondeu: "A palavra arrepender é uma palavra muito forte. Se tive sempre dúvidas? Tive". Questionado se ainda as tem, responde que "eventualmente".

O argumento de que estava na posição de comentador e não a ser entrevistado também foi usado por Rio para não abordar possíveis sucessões no PSD, tendo no entanto adivinhado maiores dificuldades ao ex-primeiro ministro. "É evidente que o dr. Passos Coelho vai ter mais dificuldade em ganhar a próxima eleição se for ele o líder do PSD do que teve há quatro ou cinco anos atrás (...). O trabalho é mais difícil e não impossível".

Também Jorge Coelho e António Lobo Xavier foram convidados do programa, tendo o antigo ministro socialista referido que "nunca um Presidente da República [referindo-se a Cavaco Silva acabou com uma popularidade tao baixa".

Sobre os actuais candidatos, Jorge Coelho, que é apoiante de Maria de Belém, reconheceu que gostaria que Rui Rio fosse candidato e "gostaria ainda mais" que António Guterres tivesse entrado na corrida.

Já António Lobo Xavier começou por interrogar sobre se Portugal "aguenta uma governação deste tipo", referindo-se ao acordo alcançado à esquerda, criticando o PS por "estar dependente de partidos cujos ideais de sociedade são os de 11 de Março de 1975".

Mudando para o tema Banif, Rui Rio criticou a comunicação social pelas "notícias alarmistas" vindas a público, considerando que anunciar que o Banif "pode fechar amanhã, sabendo o que aconteceu com outros, pode ser o fim do banco" e gera um "fenómeno psicológico que é dramático".

Rui Rio referiu que o sistema financeiro "está a fazer o esforço possível para sair da crise", mas defendeu que a banca deve recuperar a confiança junto dos clientes.

Jorge Coelho subscreveu as críticas feitas à comunicação social, afirmando ser uma "irresponsabilidade absoluta" a forma como "tratam estas questões", que "afecta a imagem" em vez de "transmitir serenidade para as pessoas".

Já Lobo Xavier aproveitou o tema para criticar o discurso sobre a banca proferido pela porta-voz do BE, Catarina Martins, para quem, disse, "chegou a hora de a banca pagar"

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