À chegada a Davos, os gestores mundiais estão mais pessimistas sobre a economia
Só 37% de 1300 presidentes executivos inquiridos pela PwC acreditam numa melhoria da actividade económica global.
Não está esmagada pela recessão, como no pico da crise financeira, mas ainda se ressente dos riscos de instabilidade que ameaçam a recuperação da economia global este ano. A confiança dos líderes empresariais em relação ao crescimento da economia mundial é hoje menor do que há um ano.
À chegada a Davos – a famosa estância de esqui que todos os anos recebe dezenas de chefes de Estado e de Governo, milhares de líderes empresariais, líderes de bancos centrais e outras tantas figuras de topo da economia mundial –, este é o sentimento que atravessa a maioria dos CEO inquiridos pela consultora PwC perante se acredita que a economia mundial vai melhorar, ficar igual ou cair nos próximos 12 meses.
Enquanto no ano passado 44% dos cerca de 1300 CEO ouvidos pela PwC diziam acreditar numa melhoria da economia global, este ano só 37% estão optimistas. E há mesmo 17% – mais do dobro do que em 2014 – que acreditam que a economia vai ter um desempenho pior. A pergunta a partir da qual foi construído este indicador de confiança foi este: “Acredita que a economia mundial vai melhorar, ficar igual ou cair nos próximos 12 meses?”.
Expectativa mais elevadas, ainda que ao mesmo nível de 2014, têm sobre o crescimento dos seus negócios do que em relação à economia. São 39% os gestores que acreditam no crescimento das receitas nos próximos 12 meses, mesmo entre quem reconheça que o seu sector de actividade enfrenta problemas.
Os que vêem melhores oportunidades de crescimento são os gestores da Ásia Pacífico, da América do Norte e do Médio Oriente, em contraste com os gestores da América Latina e África, onde o sentimento já é mais fraco do que há um ano. Na Europa, só 30% acreditam no crescimento das receitas empresariais, enquanto na Ásia Pacífica, por exemplo, a percentagem é de 45 e na América do Norte é de 43%.
Uma particularidade do relatório deste ano é que os EUA, maior economia mundial, voltam a aparecer em primeiro lugar na lista do mercado mais importante para crescer, ficando à frente da China pela primeira vez em cinco anos (desde que esta pergunta foi incluída no inquérito da PwC). Os Estados Unidos foram apontados por 38% dos CEO, seguindo-se a China (com 34%), a Alemanha (19%), o Reino Unido (11%) e o Brasil (10%).
Para este inquérito, a PwC, uma das “quatro grandes” firmas de auditoria a nível mundial, recolheu 1322 entrevistas a gestores de 77 países. O inquérito foi realizado no último trimestre do ano passado. Isto quando as perspectivas de crescimento apareciam ensombradas pelo risco de deflação na zona euro, pela ameaça de instabilidade prolongada com a crise na Ucrânia, pelo arrefecimento da economia chinesa, pela recessão do Japão, pela desaceleração na América Latina e pelo receio de os mercados reagirem de forma tempestiva à retirada de estímulos económicos nos Estados Unidos.
A baixa expectativa dos gestores aproxima-se das últimas previsões das instituições internacionais sobre a expansão da actividade global. O Fundo Monetário Internacional (FMI) veio ainda esta semana rever em baixa as suas projecções de crescimento para a economia mundial, para 3,5%, 0,3 pontos abaixo do que previa em Outubro.
É neste contexto repleto de incertezas e factores de risco que arranca o tradicional encontro do Fórum Económico Mundial, em Davos, onde nem só a economia está no centro das cerca das 280 sessões de debate agendadas para o simpósio, a decorrer entre quarta-feira e sábado.