Em Davos olha-se para 2015 como "um ano de encruzilhada"

Líderes políticos e empresários, multimilionários e estrelas da música juntam-se na pequena localidade suíça para discutirem os grandes temas do mundo, com destaque para o terrorismo.

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Os habitantes da localidade já estão habituados às medidas de segurança Ruben Sprich/Reuters

Milhares de líderes políticos, grandes empresários e estrelas do cinema e da música iniciaram a romaria anual até à pequena localidade de Davos, uma das mais importantes estâncias de esqui da Suíça, mais conhecida por servir de palco ao Fórum Económico Mundial. Entre as habituais discussões sobre economia e coordenação de políticas internacionais, os participantes na edição deste ano vão estar particularmente atentos ao terrorismo, como sublinhou o fundador do encontro, o economista alemão Klaus Schwab.

"O ano de 2105 é um ano de encruzilhada, com dois caminhos possíveis: um mundo de desintegração, de ódio, de fundamentalismo; ou um mundo de solidariedade e de cooperação", alertou Klaus Schwab na conferência de imprensa que serviu para lançar a edição deste ano do Fórum Económico Mundial.

Os exemplos do que poderá estar ao virar da esquina nos próximos tempos deixaram claro que sobre Davos paira a sombra dos recentes atentados em Paris, ligados ao fundamentalismo de organizações terroristas como a Al-Qaeda ou o Estado Islâmico.

"Vimos exemplos desses dois mundos em Paris. O primeiro representado pelo acto terrorista e o segundo pela manifestação de solidariedade", disse Schwab.

Ninguém sabe como o mundo sairá de 2015, mas o fundador do Fórum Económico Mundial não tem dúvidas sobre a natureza do caminho que será percorrido até lá: "É um ano que traçará o destino da humanidade."

Por agora, entre quarta-feira e o próximo domingo, cerca de 2500 personalidades da política, das finanças, da tecnologia ou do entretenimento vão debater os principais problemas do planeta, ou apenas trocar cartões e melhorar as perspectivas de um bom negócio.

O lado mais sério da reunião será também marcado pela recente divulgação de um relatório da Oxfam sobre a distribuição de riqueza no mundo. De acordo com a organização (que terá este ano um papel de destaque no Fórum Económico Mundial), 1% dos habitantes do planeta terão mais riqueza acumulada em 2016 do que o resto da população – e, como salienta o responsável pelo departamento de estatísticas da BBC, Anthony Reuben, "não é preciso ter iates e chalés" para fazer parte dos 1% mais ricos.

"Ser proprietário de uma casa normal em Londres (sem hipoteca) coloca-nos nesses 1%", diz Reuben, já que a fortuna pessoal que serve para fazer essa avaliação ronda os 600.000 euros. De acordo com outros estudos, os multimilionários como Bill Gates, Carlos Slim ou Warren Buffett representam 0,001% da população.

O lema da edição deste ano do Fórum Económico Mundial reflecte o perigo e a ansiedade, mas também o fascínio com que o seu fundador, Klaus Schwab, olha para 2015: "O Novo Contexto Global", marcado por um ano de 2014 repleto de acontecimentos que provocaram rupturas em relação ao passado recente, como a tensão entre os países ocidentais e a Rússia.

"Vivemos definitivamente num mundo multipolar, e isso tem impacto em muitos aspectos do sistema global de governação", salientou o economista alemão, que falou também do início de uma nova revolução tecnológica: "Pensem no futuro da Internet, no impacto da revolução da Internet, que apenas sentimos de forma parcial hoje em dia. Tudo isto vai mudar a nossa vida social e as nossas condições económicas."

Em suma, disse Schwab, há um novo mundo, e esse novo mundo precisa de novas respostas, que poderão começar a surgir em Davos, se depender do seu desejo: "Espero que consigamos perceber o novo contexto, que estamos a viver num mundo novo, e que procuremos soluções no quadro deste novo contexto."
 

   

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