Portugal vai na próxima quarta-feira dar mais um passo para reforçar a “almofada” de financiamento que já está a cobrir uma fatia das necessidades de financiamento de 2015. O IGCP, entidade responsável pela gestão da tesouraria, anunciou nesta sexta-feira que vai realizar uma emissão de dívida pública com o objectivo de conseguir entre 1000 milhões de euros e 1250 milhões de euros.

Os títulos de dívida que o Estado vai emitir são de curto prazo (uns títulos têm uma maturidade de seis meses, outros vencem ao fim de um ano).

O Tesouro avança para esta emissão numa altura em que se acentuou alguma volatilidade nas taxas de juro da dívida portuguesa (transaccionada no mercado secundário) e num momento em que as atenções dos mercados se voltaram de novo para Portugal por causa da instabilidade no Grupo Espírito Santo (GES).

O mercado de dívida pública, à semelhança do que aconteceu no sector bancário dos países periféricos da zona euro, reflectiu esta semana o sentimento de preocupação relativamente a um efeito de contágio da instabilidade no BES e da holding Espírito Santo Financial Group (ESFG), cujas acções têm registado quedas sucessivas.

Apesar do sentimento de incerteza que na quinta-feira teve expressão internacional, do mercado de acções na Europa aos Estados Unidos, nesta sexta-feira os juros da dívida portuguesa registam a primeira descida da semana. No mercado secundário, onde os investidores concretizam ou manifestam intenções de revenda de títulos de dívida pública, as taxas de juro da dívida a dez anos (o prazo de referência) baixaram para 3,8%, recuando da barreia dos 4%, para a qual tinham escalado na quinta-feira.

Para além da realização de leilões regulares de títulos de curto prazo no terceiro trimestre, o IGCP conta ainda avançar com duas colocações de Obrigações do Tesouro (títulos com prazos mais longos). Enquanto nas emissões de dívida de curto prazo a intenção é conseguir entre 1000 milhões e 1250 milhões em cada uma das operações, no caso das colocações de títulos de longo prazo o objectivo passa por levantar no mercado 750 milhões a 1000 milhões de euros por leilão.

O Tesouro realizou, no início de Julho, uma emissão de dívida em dólares, que registou uma forte procura nos EUA. Ao todo, Portugal acabou por emitir 4500 milhões de dólares (cerca de 3375 milhões de euros) em títulos de dívida com um prazo de dez anos, a uma taxa de juro próxima de 5,2% (segundo o presidente do IGCP, o valor correspondente em euros é de 3,65%).

As necessidades de financiamento para este ano estão asseguradas. A meta estabelecida por João Moreira Rato (presidente do IGCP e futuro administrador financeiro do BES na equipa de Vítor Bento) é que o Estado entre em 2015 com dois terços das necessidades de financiamento desse ano garantidas.