Grécia: Atenas quer convencer parceiros de que não necessita de novo empréstimo

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“Mais tempo não significa automaticamente mais dinheiro”, garantiu o primeiro-ministro grego AFP PHOTO / LOUISA GOULIAMAKI

A Grécia está a tentar convencer os seus parceiros da zona euro de que não será necessário um novo empréstimo no caso de prolongamento do prazo previsto para garantir os ajustamentos orçamentais exigidos.

“Já estamos a discutir [com os parceiros da zona euro] o prolongamento do período necessário para reduzir o nosso défice público para menos de 3% do PIB e os nossos planos demonstram que não teremos necessidade de um financiamento suplementar dos Estados-membros”, disse Simos Kedikoglou em declarações à rádio To Vima.

O primeiro-ministro Antonis Samaras, que concluiu no fim-de-semana um pequeno périplo diplomático em Berlim e Paris para assegurar o apoio à Grécia, argumentou por sua vez, em declarações à cadeia televisiva Mega, que um prolongamento dos prazos “não vai custar nada aos Estados-membros nem necessitará do aval dos 17 parlamentos” dos países da zona euro.

“Mais tempo não significa automaticamente mais dinheiro”, tinha considerado Samaras ao diário alemão Bild antes de se reunir com a sua homóloga Angela Merkel e com o Presidente francês, François Hollande.

Atenas tem insistido em prolongar por mais dois anos, até 2016, o fim do seu programa de ajustamento orçamental que os credores internacionais (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) pretendem ver concluído até ao final de 2014.

No entanto, o ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, já considerou em declarações ao jornal Tagesspiegel am Sonntag que “mais tempo significa em geral mais dinheiro (...) e um novo programa” de ajuda financeira.

Antes de qualquer decisão, Berlim aguarda os resultados da auditoria económica e financeira às contas gregas elaborada pela troika que representa os credores do país, e que deve ser divulgado até ao início de Outubro.

“Evidentemente que mais tempo significa mais dinheiro, mas existem muitos meios de financiamento”, referiu a propósito à agência noticiosa AFP Panayotis Petrakis, professor de Economia financeira na universidade de Atenas, antes de considerar que “seria melhor uma reestruturação da dívida soberana grega detida pelo BCE”, uma opção em discussão na zona euro.

Em meados de Agosto, ao invocar um documento oficial grego, o diário Financial Times (FTcalculou em 20 mil milhões de euros a quantia necessária em caso de prolongamento por mais dois anos do programa de ajustamento, mas precisou que a Grécia excluía a hipótese de pedir novos empréstimos aos seus parceiros da zona euro.

De acordo com o FT, a Grécia sugere a emissão de títulos do Tesouro a curto prazo e um adiamento até 2020, e não até 2016, do início do reembolso do primeiro empréstimo dos credores, que atinge os 110 mil milhões de euros. A data de 2020 é actualmente o prazo limite previsto para o reembolso do segundo empréstimo, assinado em Fevereiro, e que atinge os 130 mil milhões de euros.

O Governo grego já confirmou que está a examinar os diversos cenários. No entanto, analistas citados pela AFP consideram que o eventual prolongamento dos prazos poderá implicar um novo e mais pesado endividamento da Grécia, que poderá atingir os 60 mil milhões de euros.

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