Rússia responde à NATO e cria três novas divisões militares

Aliança Atlântica revelou recentemente planos para expandir a sua presença na Europa de Leste.

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A NATO anunciou recentemente planos para expandir presença militar na Europa de Leste Petras Malukas / AFP

O Ministério russo da Defesa anunciou esta quarta-feira a criação de três novas divisões militares nas suas fronteiras ocidentais, como resposta à intensificação da actividade da NATO na Europa de Leste.

Duas das novas divisões do Exército serão enviadas para a região militar ocidental – que faz fronteira com os países Bálticos, a Bielorrússia e a Ucrânia – e a terceira para o sul “até ao final do ano”, afirmou o ministro da Defesa, Sergei Shoigu. “O Ministério da Defesa adoptou uma série de medidas para conter a crescente capacidade das forças da NATO nas proximidades das fronteiras russas”, explicou o ministro, citado pelo canal Russia Today.

O anúncio russo surge poucos dias depois de a Aliança Atlântica ter revelado planos para expandir a sua presença na Europa de Leste. Os aliados pretendem enviar quatro batalhões, ao todo cerca de quatro mil homens, para a Polónia e para os países Bálticos. A justificação é simétrica à de Moscovo: uma resposta ao “comportamento provocatório” russo.

Os Estados Unidos tinham anunciado em Fevereiro um aumento do orçamento de Defesa associado à Europa – o Pentágono pretende investir 3,4 mil milhões de dólares (3,1 mil milhões de euros) – com o objectivo declarado de acalmar os receios dos aliados do Leste, que temem o expansionismo russo.

O argumento tradicional de Moscovo é o de que medidas deste género contrariam o espírito do Acto Fundador NATO-Rússia, que proíbe “uma acumulação de forças convencionais potencialmente ameaçadora” dos dois lados das suas fronteiras sem, contudo, especificar qualquer tipo de limite.

A anexação russa da península da Crimeia, em Março de 2014, atirou as relações entre a NATO e a Rússia para o ponto mais baixo desde o final da Guerra Fria. O Ocidente encarou o comportamento russo como uma violação da soberania da Ucrânia, enquanto Moscovo argumentou que apenas defendeu os interesses da população russa na península, ameaçados pelo golpe de Estado em Kiev, apelidado de “fascista” pelo Presidente Vladimir Putin.

Desde então, os Estados Unidos e a União Europeia aplicaram fortes sanções económicas à Rússia – e cuja remoção está dependente da aplicação do acordo de paz na Ucrânia. Moscovo ripostou com a colocação de barreiras à entrada de vários produtos europeus no seu mercado interno.

A “guerra de sanções” foi acompanhado por uma retórica dos dois lados cada vez mais dura e por exercícios militares cada vez mais frequentes. A este mal-estar soma-se a crescente tensão entre a Rússia e a Turquia, depois do abate, em Novembro, de um caça russo que sobrevoava a fronteira com a Síria pela Força Aérea turca.

Em Julho, Varsóvia recebe a cimeira da NATO e as actividades russas na Ucrânia e na Síria prometem dominar a agenda.

Os países vizinhos da Rússia têm sido dos mais firmes defensores de uma linha mais dura em relação a Moscovo por causa da intervenção na Ucrânia. A União Europeia e a NATO acusam a Rússia de apoiar com armas, financiamento e soldados, os grupos separatistas que controlam a maior parte da região do Donbass – algo que o Kremlin sempre negou.

A violência tem voltado a alguns pontos da linha da frente do conflito no Leste da Ucrânia, com a morte de civis na semana passada. Washington acredita que haja cerca de sete mil soldados russos no país, escreve a revista Foreign Policy.

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