EUA querem reforçar presença militar na Europa de Leste nos próximos anos

Próximo orçamento do Pentágono contempla uma subida acentuada dos gastos da Defesa norte-americana na Europa.

Ashton Carter deverá apresentar o orçamento do Pentágono brevemente
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Ashton Carter deverá apresentar o orçamento do Pentágono brevemente Chip Somodevilla / AFP
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TRopas norte-americanas a chegar à Estónia AFP

O Pentágono vai apresentar o seu plano orçamental para 2017 com uma clara preocupação: conter qualquer tentativa de expansionismo russo e afastar os receios dos seus aliados da Europa Central e de Leste.

Washington quer um aumento considerável da presença militar nos países europeus que fazem fronteira com a Rússia, dando continuidade a uma política posta em prática no Verão de 2014, na sequência da anexação da península da Crimeia e da guerra civil ucraniana.

A prioridade que o Pentágono quer dar à Europa reflecte-se nas previsões dos gastos, reveladas esta segunda-feira por vários diários norte-americanos. São 3,4 mil milhões de dólares (3,1 mil milhões de euros) que vão ser canalizados para a defesa da fronteira leste da Aliança Atlântica – o quádruplo do valor actualmente destinado.

O aumento da despesa com a defesa na Europa será reflectido no envio de armamento pesado, veículos blindados e outros equipamentos que permitam a manutenção de uma brigada completa (até 4000 efectivos) na região. Segundo o New York Times, o reforço da presença militar será feito na Hungria, Roménia e nos países bálticos. Actualmente há 62 mil militares norte-americanos espalhados em doze países europeus.

Os responsáveis do Pentágono rejeitaram a ideia de que a decisão possa ser encarada por Moscovo como uma provocação. “Esta é uma resposta de longo prazo a um contexto de segurança que mudou na Europa. Isto reflecte uma nova situação, em que a Rússia se tornou num actor mais difícil”, explicou ao Times um dirigente norte-americano sob anonimato.

Segundo o entendimento da Administração norte-americana, o reforço que será anunciado não representa uma quebra do Acto Fundador NATO-Rússia – que proíbe “uma acumulação de forças convencionais potencialmente ameaçadora” dos dois lados das suas fronteiras.

Nas capitais bálticas e do leste europeu, o desejo é até o de a NATO estabelecer uma força permanente nos seus países. A anexação da Crimeia e a guerra civil na Ucrânia despertaram os receios nestes países de que a Rússia possa tentar promover movimentos de desestabilização e, em última análise, intervir militarmente. No início de Julho, a Polónia recebe a cimeira anual da NATO.

O reforço militar norte-americano na Europa de Leste surge numa altura em que o conflito ucraniano passa por uma situação de acalmia, apesar de continuar por aplicar o acordo de paz assinado há quase um ano. Os Estados Unidos e a União Europeia aplicaram sanções económicas a empresas e personalidades russas por considerarem que a anexação da Crimeia infringiu o direito internacional e por acusarem a Rússia de promover o conflito no leste da Ucrânia e até de participar nele militarmente – acusações refutadas por Moscovo.

Ainda não há uma reacção por parte do Governo russo, mas é provável que a decisão do Pentágono seja alvo de fortes críticas e que Moscovo tome uma iniciativa semelhante do seu lado da fronteira, reforçando o contingente que já possui próximo da Ucrânia. Em Junho, Iuri Iakobov, um dirigente do ministério da Defesa, dizia que o envio de forças militares norte-americanas para os países de leste era “o passo mais agressivo do Pentágono e da NATO desde o final da Guerra Fria”.

O secretário da Defesa, Ashton Carter, também prevê uma subida do orçamento destinado à operação de combate ao auto-proclamado Estado Islâmico para 7,5 mil milhões de dólares (cerca de 6,9 mil milhões de euros), equivalente a uma subida de 35%.

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