Salgado: "Se o governador me tivesse dado uma palavrinha, saía na hora"

Em declarações à SIC Ricardo Salgado nega que Carlos Costa lhe tenha pedido para se afastar da presidência do BES.

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Ricardo Salgado desmentiu Carlos Costa em declarações à SIC. Fabio Teixeira

Ricardo Salgado nega que tenha tido qualquer conversa prévia à queda do Banco Espírito Santo (BES) com o governador do Banco de Portugal (BdP) em que Carlos Costa lhe tivesse pedido para sair da presidência do banco.

"Se me tivesse dado uma palavrinha que fosse que eu deveria sair, pode crer que eu o fazia na hora. Nunca tive uma palavra do governador nesse sentido", disse Ricardo Salgado em declarações à SIC, quando questionado se o supervisor lhe deveria ter retirado a idoneidade mais cedo.

Foi assim que o ex-presidente da comissão executiva do BES reagiu às informações dadas na reportagem daquele canal de televisão, "Assalto ao Castelo", que revelou documentos que chegaram ao Banco de Portugal e que não terão sido tidos em conta na avaliação do supervisor. 

Nas declarações à SIC esta quarta-feira, Ricardo Salgado diz que permaneceu no banco "a tal ponto que o governador pediu para proceder à liderança da família para a transição para uma gestão mais profissional".

A pergunta surgiu tendo em conta que, para o próprio Salgado, a conclusão da reportagem se focou na actuação do governador e fez "referência ao facto de o governador ter podido [dispensá-] da actividade bancária e nunca o ter feito". "Mas essa matéria foi debatidíssima na comissão de inquérito e à qual não se acrescentou muito", disse ainda.

A reportagem referia que, pelo menos nove meses antes da resolução do BES, o BdP tinha conhecimento dos riscos inerentes ao Grupo Espírito Santo, em especial porque o vice-governador do BdP responsável pela supervisão, Pedro Duarte Neves, recebeu a 8 de Novembro de 2013 uma nota com cinco anexos dos técnicos da instituição na qual apresentavam factos que colocavam em causa a idoneidade de quatro administradores do BES – nomeadamente, Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, José Maria Ricciardi e Paulo José Lameiras Martins. E sugeria-se mesmo o afastamento de Salgado.

Na resposta às acusações, o BdP publicou um esclarecimento no qual mantém a sua versão dos factos: “No que se refere ao caso concreto de avaliação de idoneidade de administradores do Grupo BES foram desenvolvidas várias diligências pelo Banco de Portugal junto dos próprios – nomeadamente através da troca de comunicações escritas e da realização de reuniões presenciais –, bem como junto de outras entidades."

 Carlos Costa pediu entretanto para ser ouvido no Parlamento sobre o assunto, uma vez que da reportagem fica a ideia de que o BdP não deu toda a informação de que dispunha à comissão de inquérito ao BES. E, como o PCP já tinha requerido a presença do governador, Carlos Costa irá ser ouvido não uma vez, mas duas vezes no mesmo dia. A data ainda não foi marcada.

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