No hotel “passamos muito mais tempo juntos” do que em casa

Quem vai em família, com amigos ou até sozinho garante que nunca fica só, nem deixa de ter um ambiente intimista, mesmo estando num hotel.

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No Natal da família de Sandra Fernandes são 22 à mesa de uma das unidades hoteleiras do Inatel Fernando Veludo/NFactos

Aos casais, pequenas famílias e pessoas que passam o Natal sozinhas num dos hotéis do grupo Inatel juntam-se as famílias numerosas, como a de Sandra Fernandes. “Passamos a consoada fora de casa há quatro anos, mas o almoço do dia de Natal já o fazemos fora há mais tempo, já vai para dez anos. Desde que descobrimos a Inatel de Cerveira, há dois, temos passado sempre lá. Somos todos do Porto, por isso o hotel fica perto e tem umas condições fabulosas, além de que Vila Nova da Cerveira é muito bonita”. A melhor parte, confessa, é a de ter tido a aprovação da família inteira para sair de casa.

“Este ano vamos ser 22 e é óptimo porque toda a gente aderiu à ideia. Os meus sogros já passavam a noite de Natal na Inatel antes de nós e eu pensava: ‘A partir de uma certa idade, as pessoas já não têm paciência para estarem metidas na cozinha e fechadas em casa, querem passear e aproveitar’. Quando passei a fazê-lo, percebi porquê!”. E defende que a ideia tradicional de a família se reunir na casa de um dos membros para passarem a consoada esconde uma verdade desconfortável: “É algo que está muito entranhado na tradição dos portugueses, mas a verdade é que uns acabam por ir para a cozinha, para tratarem da comida, outros vão fazer outra coisa qualquer para a sala, depois só se juntam na hora de comer e de abrir os presentes, e depois volta a ir cada um para sua casa”, acusa, e defende que todos os membros da família estão ocupados com alguma coisa em casa, mas não no hotel. “Lá estamos sempre uns com os outros, passamos muito mais tempo juntos do que passaríamos se ficássemos em casa”. E também há a vantagem de não ter trabalho: “Se passássemos em minha casa, eu naturalmente ia ter muito mais trabalho e ficar mais cansada, e neste momento não existe isso. Tenho mais tempo para estar com a minha família, que é o que realmente importa”.

No ano passado, a equipa da Inatel disponibilizou-lhes uma sala só para a família onde puderam fazer “a brincadeira de esconder os presentes e de os miúdos os poderem procurar”, com o mesmo à-vontade que teriam tido em casa. “Nos outros locais isto não teria acontecido, mas na Inatel permitiram-nos isso”. Quando aos custos, avança que ela, o marido e a filha, sendo sócios pagam cada um 150€. “Parece-me um preço muito acessível tendo em conta as condições fantásticas do hotel. Gastaria muito mais se passássemos a consoada em casa, com tudo o que teríamos de comprar. Nem tem comparação!”.

Francisco Madelino, presidente da Inatel, diz que no caso específico da instituição há laços que vão unindo os hóspedes que frequentam as unidades ao longo do ano. E Clotilde e José Manuel Rego, de Setúbal, são disso exemplo. Passavam sempre uma semana de férias em Agosto na unidade de Foz do Arelho mas desde 2013, por não conseguirem conciliar os planos para a consoada com os dois filhos já adultos, e perante a hipótese de ficarem sozinhos em casa, decidiram passar também a noite e o dia de Natal na Inatel e acabaram por se cruzar com conhecidos de longa data.

“No primeiro ano, o meu marido ficou muito renitente, mas depois gostou. Fomos lá encontrar pessoas, amigos, que já encontrávamos noutras alturas. Ele ficou renitente só pela distância, mas depois gostou e a partir daí passámos a ir”, recorda Clotilde, acrescentando que a zona também é um grande atractivo. “Adoro a Foz, adoro a Lagoa, gosto muito de andar por ali, e para mim é bom passar lá o Natal porque não tenho de fazer a comida, a cama, lavar a louça, nada disso. Antes preferimos retornar lá do que ir para outro sítio, é o mais pertinho e é agradável porque conheço sempre muitas pessoas. A Inatel serve para isso mesmo, para criarmos amizades. Até já temos amigos de Braga com quem passamos a quadra!”.

A família de Cristina Carrasqueira, que este ano vai pela primeira vez passar o Natal fora de casa, no Évora Hotel, também garante que esta é a melhor opção. “Passávamos sempre em casa e íamos almoçar fora no dia 25, mas nunca ficávamos muito satisfeitos. Havia sempre muita gente, confusão e barulho”, conta Cristina, afirmando que a agitação se estendia à noite de Natal, porque organizar a família inteira no mesmo espaço não é fácil: “Quem dá a casa não tem Natal, não é? A noite acaba e parece que aconteceu ali a II Guerra Mundial!”. O filho, André, diz que a parte das refeições era a mais penosa: “Quando vem muita gente, temos de pôr duas travessas de bacalhau no forno, é uma questão de logística enorme e dá muito trabalho à minha avó. Então este ano decidimos experimentar que alguém tivesse esse trabalho por nós”

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