Dolce&Gabbana estreia-se em exposição para honrar a alta moda e as raízes italianas

A inauguração da exposição Do Coração às Mãos, no Palazzo Reale, em Milão, contou com as musas da casa italiana, como Cher, Helen Mirren ou Naomi Campbell.

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A exposição Dal Cuore Alle Mani da Dolce&Gabbana está patente até 31 de Julho DOLCE&GABBANA/MICHAEL ADAIR
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A exposição Dal Cuore Alle Mani da Dolce&Gabbana DOLCE&GABBANA/MICHAEL ADAIR
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A exposição Dal Cuore Alle Mani da Dolce&Gabbana DOLCE&GABBANA/MICHAEL ADAIR

É um dilema que se arrasta há décadas: a moda pertence aos museus? Domenico Dolce e Stefano Gabbana acreditam que sim e acabam de inaugurar a sua primeira exposição, no Palazzo Reale, em Milão. São mais de 200 peças das colecções de alta-costura, patentes até 31 de Julho, numa homenagem à moda italiana. A mostra foi inaugurada neste fim-de-semana com uma passadeira vermelha recheada de estrelas, como Cher, Helen Mirren, Anitta, Lily James, Lupita Nyong’o ou Naomi Campbell.

A supermodelo britânica, cuja ligação à Dolce&Gabbana é bem conhecida, foi responsável por cortar a fita da inauguração, acompanhada do presidente da Câmara Municipal de Milão, Beppe Sala. A exposição, com curadoria da historiadora francesa Florence Müller, percorre todas as colecções de Alta Moda (assim se designa a alta-costura em Itália) da dupla de criadores apresentam alta-costura desde 2012.

A exposição está dividida em dez salas, incluindo uma que mimetiza o famoso Teatro alla Scala, onde se recordam as peças desta década que prestaram homenagem à ópera italiana do século XIX. Há outra sala coberta com espelhos feitos pelos artesãos do vidro venezianos, a reflectir os enormes vestidos que parecem ter saído do Carnaval de Veneza.

Dolce e Gabbana mostram ainda os bastidores do atelier de alta-costura, com as costureiras a trabalhar, que serve de mote para o título da exposição, Dal Cuore Alle Mani (​Do coração às mãos, em português). “Queríamos ter estreado a exposição em 2020, mas estourou a pandemia e tivemos de adiar. Embora nunca tenhamos deixado de acreditar no projecto: queremos contar a nossa história através da mais alta forma de criatividade e da inspiração e herança italiana que sempre estiveram na base do que fazemos”, declara Domenico Dolce, em entrevista ao El País.

Em 2024, a casa de moda celebra 40 anos de história, mas os criadores não encaram a exposição como uma celebração de aniversário, antes uma festa da moda. Em 1984, Domenico e Stefano inauguraram o atelier, que havia de se consagrar na passerelle no ano seguinte. Então, os dois eram um casal separaram-se em 2004, tendo continuando a assinar em dupla as colecções até hoje.

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Exposição Dolce&Gabbana MICHAEL ADAIR

“Trata-se de deixar um legado às novas gerações, para as inspirar na busca dos seus sonhos, tal como nós fizemos quando criámos a nossa empresa. Para nós, este é um sonho tornado realidade e é a prova de que, se acreditarmos no que fazemos, conseguimos”, celebrou Stefano Gabbana, no evento de inauguração, cita a revista Vogue.

A costela italiana é apanágio da assinatura da Dolce&Gabbana, conhecida também pela inspiração na religião e pelo clássico padrão leopardo, igualmente presentes na exposição. “Juntos são formidáveis. Contam a história do espírito italiano ─ uma mistura de inocência, sofisticação e audácia. Fazem-no com verdadeiro talento artístico, misturando o sagrado com o profano, a melancolia com a alegria, o romântico com o sexual”, elogia a actriz italiana Isabella Rossellini, musa de longa data dos dois criadores.

É também o que destaca outra grande musa, Cher: “Têm um pé na história e o outro no futuro, sentem o que está para vir; têm ainda a emoção, a dedicação.” Já Helen Mirren recorda o primeiro vestido que usou “há muitos anos” para uma estreia em Londres e desde então sente-se “parte da família”. E declara: “A dedicação deles vem realmente do coração, e entra nos nossos corações através das mãos dos seus artesãos.”

“Não existem artes menores”

A ligação da moda aos museus não é nova, apesar de alguns especialistas continuarem a não encarar o vestuário como arte. “Não existem artes menores ou maiores. Existe apenas a capacidade de criar beleza com as mãos”, defende Alberto Rocca, director da Pinacoteca Ambrosiana, ao El País, durante a inauguração deste fim-de-semana.

A primeira exposição de moda dedicada a um criador em vida recua até 1983, quando o Metropolitan Museum of Art (Met), em Nova Iorque, expôs uma retrospectiva da carreira de Yves Saint Laurent. Até então, o Costume Institute, que organiza anualmente o famoso Met Gala, só tinha exposto criações históricas.

Anos depois, em 1999, foi a vez de Giorgio Armani levar as suas peças ao Guggenheim, em Nova Iorque, o que também não agradou à crítica. Certo é que a exposição foi um sucesso de bilheteira e, desde então, outros criadores têm repetido o fenómeno, incluindo Jean Paul Gaultier, que expôs os figurinos que fez para o grande ecrã em Cinémode, a convite da Cinemateca Francesa, em 2021. Ainda assim, dizia ao PÚBLICO, que tem alguma resistência em fazê-lo: “Num museu, falta-lhes vida.”

Para os amantes de moda, já estão à venda os bilhetes para Do coração para as mãos da Dolce&Gabbana, no site oficial da exposição, que pode ser visitada de terça a domingo, entre as 10h e as 18h30. Custam 17 euros.

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