Milhares de eleitores sinalizam protesto contra Trump e Biden nas primárias

No lado do Partido Republicano, muitos eleitores nos quatro estados que foram a votos na terça-feira optaram por votar em Nikki Haley, uma candidata que já saiu da corrida há quase um mês.

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Donald Trump e Joe Biden num debate televisivo durante a campanha eleitoral de 2020 Reuters/MIKE SEGAR
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Entre 15% e 22% dos eleitores que participaram nas quatro eleições primárias do Partido Republicano que se realizaram na terça-feira — incluindo no Wisconsin, um dos estados que vão ser decisivos para a escolha do próximo Presidente dos Estados Unidos — optaram por votar em candidatos que desistiram da corrida há mais de um mês. Apesar de Donald Trump já ter garantido o apoio suficiente para ser o candidato oficial do seu partido à eleição geral, os resultados indicam que o ex-presidente dos EUA ainda não garantiu o voto de uma fatia importante do eleitorado republicano e independente.

A vitória esmagadora de Trump nas quatro eleições de terça-feira nunca esteve em causa. Não só o ex-presidente dos EUA já conquistou um número suficiente de delegados desde o início das primárias, em Janeiro, para ser considerado o candidato presumível do Partido Republicano à Casa Branca, como a sua única adversária de peso numa fase relativamente adiantada da corrida — a antiga governadora da Carolina do Sul Nikki Haley — desistiu da campanha há quase um mês.

Na noite de terça-feira, a única questão em aberto era a dimensão da fuga de votos de Trump para outros candidatos cujos nomes ainda surgem nos boletins — apesar de ser impossível perceber, nesta altura, até que ponto esse movimento terá um impacto decisivo na eleição geral.

Sem surpresas, o ex-presidente dos EUA recebeu entre 78% e 84% dos votos nas quatro eleições (Rhode Island, Wisconsin, Connecticut e Nova Iorque), com a vitória mais expressiva a registar-se em Rhode Island (84,4%).

No mesmo estado, 10,7% dos eleitores (1356 num total de 12,707) votaram em Haley e 1,2% indicaram a sua preferência pelo antigo governador de Nova Jérsia Chris Christie — dois nomes cujas candidaturas assentaram, em grande medida, numa mensagem anti-Trump.

O melhor resultado da antiga governadora da Carolina do Sul registou-se no Connecticut (13,9%, contra 77,9% de Trump), seguindo-se Nova Iorque (12,9%) e Wisconsin (12,8%).

No total, 20,8% dos eleitores que votaram na primária republicana no Wisconsin (um estado que Hillary Clinton perdeu para Trump, em 2016, por apenas 22 mil votos, e onde Joe Biden derrotou Trump, em 2020, por apenas 20 mil votos) registaram 76 mil votos em Haley; 20 mil no governador da Florida, Ron DeSantis; dez mil em Christie; e cinco mil no empresário Vivek Ramaswamy.

Na primária republicana no Wisconsin houve ainda 12.834 eleitores que não se comprometeram com um apoio a qualquer um dos nomes que surgiam nos boletins de voto.

No lado do Partido Democrata, o voto de protesto nos mesmos quatro estados, na terça-feira, teve como principal motivo o apoio da Administração Biden aos ataques do Exército israelita na Faixa de Gaza, um ponto sensível junto de um eleitorado tipicamente mais jovem e progressista e que pode prejudicar Biden no Michigan — outro estado que vai ser decisivo em Novembro —, onde se encontra a maior comunidade árabo-americana e muçulmana dos EUA.

Em Rhode Island, por exemplo, 14,9% dos eleitores que votaram na primária do Partido Democrata sinalizaram que ainda não estão em condições de apoiar Biden na eleição geral, apesar de o Presidente dos EUA ter registado uma vitória esmagadora na terça-feira (82,6%).

Da mesma forma, entre 8,4% dos eleitores no Wisconsin e 11,5% no Connecticut seleccionaram a opção "não comprometido". Em Nova Iorque, onde essa opção não estava disponível nos boletins de voto, a dimensão do protesto só poderá ser avaliada pelo número de votos em branco, que vai ser divulgado mais tarde.

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