Porto: Time Out Market abre na Estação de São Bento em Maio

“Novo centro gastronómico e cultural” marca a abertura no Porto, após atrasos e polémicas com projecto e torre de 21m de altura. Na ala sul da estação, conta com 16 espaços, incluindo 12 restaurantes.

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Imagem de divulgação do projecto Time Out Market Porto 1825 ARCHITECTURAL VISUALIZATION
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Dez anos depois da estreia em Lisboa, o Time Out Market abre no Porto. Na ala sul da estação de S. Bento, para onde a abertura chegou a estar prevista para o final de 2023, a inauguração está agora marcada para Maio, foi anunciado esta quarta-feira. O espaço pretende afirmar-se como "um novo centro gastronómico e cultural da cidade".

"O Time Out Market é um conceito que valoriza e celebra o melhor do Porto e estamos muito entusiasmados por, em breve, abrirmos portas. Seleccionámos chefs premiados, restaurantes reconhecidos e alguns tesouros locais - todos representam a incrível cena gastronómica do Porto. Reunimo-los num espaço único, renovado por Souto de Moura, um dos maiores nomes da arquitectura nacional. Estamos dedicados a fazer do Time Out Market Porto um novo centro gastronómico e cultural da cidade e uma mais-valia para a baixa portuense", afirma Inês Santos Almeida, directora-geral do Time Out Market Porto, citada em comunicado.

O projecto de arquitectura da autoria do portuense e Pritzker Eduardo Souto Moura, ocupa uma área de cerca de dois mil metros quadrados onde vão funcionar 16 espaços: 12 restaurantes, dois bares e uma torre com duas unidades com vista privilegiada sobre a cidade e um espaço exterior.

A torre de 21 metros em ferro e vidro - considerada "intrusiva" pela Unesco - é inspirada nos reservatórios de água elevados que existiam junto às estações ferroviárias.

Numa informação remetida à Lusa, a Time Out refere que o dia exacto será anunciado em breve, assim como os restantes nomes que vão marcar presença na ala sul da centenária Estação de S. Bento.

A abertura do Time Out Market chegou a estar prevista para os meses de Novembro ou Dezembro de 2023, contudo, acabou por ser adiada. À data, o gabinete de comunicação da Time Out justificava o adiamento com a dimensão do projecto em causa.

O projecto do Time Out Market para a ala sul da Estação de São Bento, cujas obras avançaram em Março de 2023, implicou um investimento na ordem dos 7,5 milhões de euros e a recuperação do edifício existente, anteriormente utilizado como zona de apoio à estação, assim como o espaço exterior.

Construída ao lado do edifício principal, a torre de 21 metros, em ferro e vidro, é "a grande peça central e fundamental" do projecto que, no respeito pela DNA do edifício, acaba por ser "uma renovação", salientava em declarações à Lusa, em Agosto de 2023, a vice-presidente para a Península Ibérica Ana Alcobia.

À data, a responsável afirmava ainda não temer o regresso da contestação em torno da construção da torre, mostrando-se confiante que "instalação" de Souto Moura irá ser entendida como "uma peça de arte".

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A Vida Portuguesa volta ao Porto com abertura no mercado Time Out dr/A vida portuguesa

Aquando do seu anúncio, em 2016, o projecto foi alvo de críticas, tendo o seu promotor, em 2017, ano para o qual estava pensada a sua abertura, decidido suspender a apreciação do Pedido de Informação Prévia relativo ao mercado que pretendiam instalar na Estação de S. Bento, depois de críticas do então vereador do Urbanismo, Rui Losa, que apelidou de "inqualificável" a proposta da Time Out para a estação, classificada como monumento nacional.

Envolto em polémica desde então, o projecto viria a ser aprovado, em Maio 2019, pela Direcção-Geral do Património Cultural, apesar das críticas do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios - ICOMOS, órgão consultivo da UNESCO para o património, que recomendou que o projecto não fosse aceite.

Num primeiro parecer, de 2 de Abril de 2018, o ICOMOS defendia que o projecto era um "exemplo de demolição excessiva" e "fachadismo" e não tinha "em conta as recomendações internacionais em matéria de intervenção sobre património construído".

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Durante as obras do mercado, no Verão passado paulo pimenta

Sobre a torre de 21 metros, considerava que "não teria impacto visual no meio envolvente", uma vez que, "na sua cota máxima, não ultrapassa a cota da gare", posição que viria a alterar após informações adicionais, recomendando a sua redução.

Em Janeiro de 2021, o projecto surgiu como uma das 14 obras ou projectos que punham em risco o valor patrimonial do Centro Histórico do Porto classificado como património mundial desde 1996, incluído no mais recente Relatório Mundial sobre Monumentos e Sítios em Perigo.

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