Jornal universitário online JPN chega aos 20 anos a olhar o Porto

O JPN, um dos jornais académicos digitais mais antigos do país, celebra 20 anos de existência. O dia é assinalado com uma conferência especial, com a presença de jornalistas que integraram o projecto.

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O JPN foi fundado em 2004 e é "um órgão de comunicação social bastante conhecido e acarinhado" DR
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O jornal universitário online JornalismoPortoNet (JPN) celebra 20 anos de existência a formar futuros jornalistas. Nascido a partir do curso de Ciências da Comunicação, na Universidade do Porto, o projecto incentiva a reportagem universitária e a de proximidade, num "espaço de experimentação".

"Acho que cumprimos bem a missão a que nos propomos, de ajudar estes estudantes a chegarem mais bem preparados às redacções. No jornalismo de proximidade, cumprimos bem o nosso papel, mas conseguimos fazer melhor", diz à Lusa a editora, Filipa Silva. A jornalista acompanha o dia-a-dia de uma redacção de tamanho variável, uma vez que não há uma equipa fixa e todos os estudantes do curso de Ciências da Comunicação, "ancorado" na Faculdade de Letras mas com a participação de outras faculdades, podem participar.

No entanto, a redacção ganha força quando chega a altura dos alunos do terceiro ano realizarem estágio, que o JPN também disponibiliza como forma de preparação para outros órgãos de comunicação. Durante esse período, dezenas de jornalistas dão vida à sala do JPN, trabalhando como se no mercado de trabalho, com reuniões, uma agenda a cumprir e várias propostas de reportagem e notícias a realizar.

Esta sexta-feira, 22 de Março, o JPN assinala o aniversário de 20 anos com uma conferência especial. É um dos jornais académicos digitais mais antigos do país e nasceu do esforço de 15 alunos, que agora trabalham nos principais órgãos de comunicação do país. Várias gerações de jornalistas foram e são orientados por vários professores, como Ana Isabel Reis ou Paulo Frias da Costa, dois dos directores do projecto.

Os 20 anos de actividade são marcados por vários galardões de jornalismo, do Prémio Nacional de Jornalismo de Inovação ao Prémio Jornalismo em Saúde, bem como várias distinções por ciberjornalismo, jornalismo local e direitos humanos.

Um sítio para se experimentar

"Começou por encontrar a necessidade de existir um espaço mais laboratorial, onde os estudantes pudessem praticar e terem uma preparação mais próxima do que seria a integração no mercado de trabalho", confirma Paulo Frias da Costa, director desde 2019. O professor universitário nota como o JPN acaba por ir reflectindo mudanças curriculares, leccionando jornalismo de dados, uma valência que "salta" também para aquela redacção, hoje instalada dentro da Faculdade de Letras.

Também o JornalismoPortoRádio (JPR), que funcionou entre 2006 e 2012, deu lugar ao formato podcast, e esta experimentação vem, conta o director, "muitas vezes dos hábitos de consumo dos próprios estudantes", com espaço para sugerir e adaptar o rumo do projecto. "Muitas propostas são feitas, até para as redes sociais, por eles. Tentamos estar atentos à maneira como consomem notícias. Tentamos também fazer essa experiência no JPN, e temos alimentado o Instagram e o TikTok", exemplifica.

Filipa Silva gostaria de "fazer mais" pelo jornalismo de proximidade dentro da redacção, mas para isso seria preciso terem "mais condições, mais meios", numa cidade do Porto sem jornais locais dedicados, "entregue" aos nacionais e ao trabalho do Porto Canal, na televisão e no digital.

Neste passo intermédio, os estudantes "têm um espaço onde ainda têm algum tempo", antes da pressão nos campos profissionais, onde "podem errar" e aprender com ele num "espaço de experimentação".

Lara Castro partilha da mesma opinião. Esta é uma das estudantes que, por estes dias, integra a redacção em estágio. No entanto, o percurso da jovem gondomarense, de 20 anos, começou assim que chegou ao curso. "Costumo dizer, em jeito de brincadeira mas a sério, que no JPN estou na Kidzania do jornalismo. Porque sinto que posso errar, mas sobretudo aprendo. A Filipa dizia-nos, em reunião, que normalmente temos de nos adaptar às redacções, mas que aqui a redacção adapta-se a nós", relata a jovem.

Foi percebendo que colaborava com "um órgão de comunicação social bastante conhecido e acarinhado" no contacto das ruas, sentindo a possibilidade de contar as histórias da cidade e "a liberdade de exprimir-se, aprender e errar". "Às vezes estamos na redacção ou no bar, olhamos para a televisão, e vemos alguém que passou pelo JPN. Isso é muito encorajador", confessa.

Rita Neves Costa foi colaboradora, estagiária e depois editora no JPN, "uma escola para todos os que por lá passaram", conta à Lusa a actual jornalista no Jornal de Notícias. "Tem um papel não só no jornalismo universitário como também na cidade do Porto. O JPN era e é um lugar seguro para experimentar diversas coisas, errar, fazer de novo, e ter importantes debates sobre jornalismo, que é uma coisa que hoje falta muito nas redacções", reforça. A multidisciplinaridade entre texto, fotografia, vídeo e até redes sociais tem sido a pedra de toque. Para a jornalista, é difícil "ter maior orgulho" no lugar a que chama "casa".

Durante a manhã desta sexta-feira, aconteceu uma conferência comemorativa na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Com o nome "Jovens Jornalistas: Das expectativas à realidade", a conversa foi moderada por Francisco Sena Santos, da Antena 1 e contou com a participação de cinco profissionais: Catarina Reis (Mensagem de Lisboa), Fernando Costa (PÚBLICO), João Couraceiro (Antena 1), Leonor Hemsworth (CNN Portugal) e Sara Gerivaz (Jornal de Notícias). Esta é a primeira de três conferências organizadas para este ano.

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