Luxo e turistas chineses impulsionam vendas do conglomerado LVMH

As vendas do maior grupo de luxo do mundo, que detém marcas como Louis Vuitton, Dior e Tiffany, atingiram cerca de 24 mil milhões de euros nos últimos três meses do ano, um valor acima do esperado.

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Exterior de uma boutique de luxo Louis Vuitton operada pela LVMH REUTERS/Benoit Tessier/arquivo
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O grupo de bens de luxo LVMH registou um aumento de 10% nas vendas do quarto trimestre, divulgou o conglomerado na quinta-feira, com o crescimento a subir em relação ao trimestre anterior, impulsionado pela procura resiliente — incluindo de compradores chineses — para os seus produtos de alta gama, durante o importante período de fim de ano.

As vendas do maior grupo de luxo do mundo, que detém marcas como Louis Vuitton, Dior e Tiffany, atingiram cerca de 24 mil milhões de euros nos últimos três meses do ano, valor que ficou um pouco acima das expectativas dos analistas, que esperavam um crescimento de 9%, depois de as vendas terem crescido 9% no terceiro trimestre e 17% no primeiro e segundo trimestres.

“Os produtos de topo de gama são os que têm maior procura no mundo”, declara Bernard Arnault, director-geral da LVMH, aos analistas, citando os produtos de alta-costura de marcas como Christian Dior e acrescentando que esta tendência deverá manter-se. Arnault afirma estar satisfeito com a taxa de crescimento da LVMH e estar “muito confiante” em relação a 2024.

Os fabricantes de artigos de luxo mais caros, como a LVMH e a Richemont, proprietária da Cartier, são os que têm demonstrado maior resistência a uma quebra no consumo. Os seus rivais, que vendem produtos a preços mais baixos, como a britânica Burberry, tiveram dificuldades.

Os produtos da LVMH incluem uma pequena bolsa Lady Dior, que é vendida online a 11.500 dólares (cerca de 10.600 euros) e o champanhe Dom Perignon P3 Plenitude Brut Rose, cuja garrafa é comercializada por 5377 dólares (à volta de cinco mil euros).

Os negócios da Louis Vuitton com os consumidores chineses de luxo na Europa atingiram 70% do nível gerado em 2019, antes da pandemia de covid-19, informa o director financeiro Jean-Jacques Guiony aos jornalistas. “Temos um crescimento significativo com os clientes chineses, que continua inabalável”, acrescenta.

“Gerámos um bom nível de actividade com bases de comparação que não eram tão simples no ano passado, nomeadamente em Dezembro”, diz, referindo-se aos resultados globais do grupo. “Em termos de procura, estamos muito satisfeitos.”

Guiony avança que não espera que os grupos de turistas chineses regressem em massa à Europa, mas que a LVMH está a conseguir fazer negócios “significativos” com chineses ricos que visitam a região.

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“Os produtos de topo de gama são os que têm maior procura no mundo”, declarou Bernard Arnault, director-geral da LVMH REUTERS/Stephanie Lecocq

Referência no luxo

Depois de um esplendor pós-pandémico, que alimentou um crescimento estelar das vendas das empresas de moda de alta costura durante dois anos, os consumidores têm vindo a refrear as compras, em especial a clientela mais jovem e menos abastada, que é mais vulnerável ao aumento da inflação.

O LVMH, um conglomerado que engloba bebidas espirituosas, joalharia, cosmética e moda, é considerado um termómetro para o sector do luxo em geral. Mas, “os resultados parecem sólidos à primeira vista, incluindo na linha de lucro, uma ligeira superação das expectativas de consenso, tanto na margem como a nível absoluto”, afirmam os analistas da Bernstein.

Os resultados deverão “acalmar as preocupações dos investidores”, na sequência das recentes notícias macroeconómicas contraditórias da China, e sugerem “um ano de normalização mais suave do que difícil” para o LVMH, afirmam os analistas do Citi.

Os analistas do Barclays projectam um crescimento de 5% para as empresas de luxo de topo de gama, este ano, contra 9% no ano passado e um crescimento de dois dígitos nos dois anos anteriores.

Os gastos dos americanos e europeus continuam a ser reduzidos, dizem os analistas, e foram apenas parcialmente compensados pelo regresso dos turistas chineses após o confinamento.

As vendas da divisão de moda e artigos de couro da LVMH, que inclui as suas maiores marcas Vuitton e Dior, subiram 9% durante o trimestre, um pouco abaixo das expectativas de crescimento de 10%.

O grupo propôs um dividendo de 13 euros por acção, contra 12 euros há um ano, e prevê a continuação do crescimento no próximo ano, apesar de um contexto macroeconómico e geopolítico incerto.

Questionado sobre a rival Richemont, que detém a Cartier e a Van Cleef & Arpels, Arnault dz que não tinha qualquer desejo de perturbar a estratégia do seu presidente, mas arrancou gargalhadas ao declarar: “Se ele precisar de ajuda para se manter independente, eu estou aqui.”

Arnault tem vindo a reforçar o controlo da sua família sobre a LVMH e, na quinta-feira, o grupo informou que iria nomear os seus filhos Alexandre Arnault e Frederic Arnault para o conselho de administração, bem como o empresário francês Henri de Castries, na reunião anual da empresa, a 18 de Abril, confirmando notícias recentes. Isso significa que a pessoa mais rica do mundo, segundo a lista da Forbes, actualizada em tempo real, está a preparar-se para se afastar do negócio? “Não tenciono sair a curto ou médio prazo”, responde Arnault, de 74 anos.

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