Palcos da semana: Middea, tempestades e a liberdade

Nos próximos dias entram em cena As Mulheres de Maria Lamas, Outra Tempestade, a cultura africana em José Afonso, as novidades de Leo Middea e a única ópera de Beethoven.

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O Teatro da Garagem traz Outra Tempestade a casa DR
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Lá no Xepangara, uma homenagem musical colectiva a José Afonso DR
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Fidelio, a única ópera de Beethoven, é levada à cena no CCB Arno Declair
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A Gulbenkian dedica uma exposição a Maria Lamas Maria Lamas
Jheri Redding
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O músico brasileiro Leo Middea faz-se novamente à estrada DR
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Outra Tempestade e festa

É espectáculo para “invocar e contrapor, em metamorfose contínua, colonialismo ao pós-colonialismo, memória a pós-memória, realidade a fantasmagoria”. Assim descrita pelo Teatro da Garagem, Outra Tempestade baralha e volta a dar uma interpretação cruzada de duas “tempestades”, a do clássico de Shakespeare e a da peça de Césaire, revelando “um novo álbum de família, num contexto onde uma verdadeira e derradeira tempestade assombra”.

Encenada por Carlos J. Pessoa, com dramaturgia de Cláudia Madeira, é a mais recente produção da companhia lisboeta, que a traz a casa depois de a ter levado à cena pela primeira vez no Mindelo (Cabo Verde), em Novembro passado, no fecho do festival Mindelact.

A estreia nacional acontece a 25 de Janeiro, uma data que também é especial por outro motivo: é nesse dia que o Teatro da Garagem faz a festa do seu 35.º aniversário, com direito a bolo, brinde, um DJ set e o lançamento do terceiro volume de Teatro (In)Completo, livro do encenador, director artístico e co-fundador do grupo.

Ópera única em liberdade

Fidelio volta a ecoar em Lisboa com a sua história de amor e heroísmo, e uma mensagem de justiça e liberdade com repercussão na actualidade – e, por cá, em sintonia com o cinquentenário do 25 de Abril. Pela mão do São Carlos, casa onde deixou boas memórias, a ópera de Beethoven instala-se no Centro Cultural de Belém, encenada por Georges Delnon e com o maestro Graeme Jenkins na direcção musical.

Foi a única ópera do compositor alemão, eternamente insatisfeito com ela. Revista e reescrita várias vezes, continua a ser referida como “inacabada”. Mas nem por isso deixou de se elevar ao panteão das obras mais emblemáticas e humanistas de Beethoven, ao lado da sinfonia Heróica ou da nona. Esta produção, oriunda da Staatsoper Hamburg e do Teatro Comunale di Bologna, refere-se à versão a que Viena assistiu em 1814.

O tenor Maximilian Schmitt (em substituição de Nikolai Schukoff) e a soprano Gabriela Scherer encabeçam o elenco que canta com a Orquestra Sinfónica Portuguesa e o Coro do Teatro Nacional de São Carlos.

Cantemos José Afonso e a lusofonia

Por falar em liberdade, vem aí aquele que se anuncia como “o primeiro grande concerto realizado no âmbito dos 50 anos do 25 de Abril”: Lá no Xepangara - A Cultura Africana em José Afonso.

Do encontro de Manuel de Oliveira, Selma Uamusse, Karyna Gomes, Edu Mundo e Fred Martins – a que se juntam Pedro Oliveira (percussão), João Frade (acordeão) e Albano Fonseca (baixo) em palco e Viriato Teles como consultor – brota um espectáculo que é, simultaneamente, um hino à lusofonia e uma homenagem ao poeta-cantor da revolução e “seu papel na luta pela descolonização”. Depois da estreia em Famalicão, vai pelo país espalhar a palavra.

As Mulheres de Maria Lamas

No mesmo tom, a Gulbenkian acolhe uma grande exposição documental dedicada àquela que foi para o curador, Jorge Calado, “a mais notável mulher portuguesa do século XX”: Maria Lamas (1893-1983). A escritora, jornalista, fotógrafa e activista fundadora do Movimento Democrático das Mulheres revela-se num conjunto de 67 fotografias seleccionadas da obra As Mulheres do Meu País, em que Lamas captou a condição feminina no Estado Novo.

Por todo o lado e em todo o tipo de ocupação, retratou mulheres que se apresentam “inteiras e autênticas, sem disfarces ou pretensões, com a solidez admirável da estatuária”, como sublinha a folha de sala. O percurso expositivo é complementado com outros elementos, como objectos pessoais, exemplares de livros, recortes de jornais ou um retrato assinado por Júlio Pomar.

Middea com a gente

A viver em Portugal mas sem se desligar do balanço original da MPB, Leo Middea não dá sinais de sossegar. Ainda no ano passado andou na estrada com Gente – um disco que foi, ele próprio, produzido na estrada, com paragens da Lourinhã a Paris e passagem pelo seu Rio de Janeiro – e já tem novidades para mostrar.

Com ares de Carnaval, referências do mundo e um pé de Doce mistério no Festival da Canção da RTP, o músico brasileiro leva agora aos palcos um convívio dos álbuns anteriores com a canção Século XXI, uma amostra do que poderá ser o próximo.

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