Governo da R.D. Congo proíbe manifestação de candidatos da oposição

Cinco candidatos da oposição queriam protestar esta quarta-feira contra a decisão inconstitucional de prolongar a eleição da semana passada. Presidente surge destacado na contagem oficial de votos.

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Opositor pediu a demissão do presidente da comissão eleitoral pelo caos nas eleições e o prolongamente inconstitucional da votação por mais um dia THOMAS MUKOYA/Reuters

O Governo da República Democrática do Congo proibiu o protesto convocado por cinco candidatos presidenciais para quarta-feira depois de os primeiros resultados das caóticas eleições realizadas no dia 20 mostrarem o actual Presidente, Félix Tshisekedi, na liderança.

A manifestação conjunta foi proibida esta terça-feira, por considerar o executivo que a mesma não tinha base legal e que visava apenas minar o processo de escrutínio, numa altura em que a comissão eleitoral ainda está a compilar os resultados.

“Nenhum governo do mundo pode aceitar uma coisa destas, por isso, não vamos deixar que se realize”, explicou o vice-primeiro-ministro, Peter Kazadi em conferência de imprensa.

A proibição pode vir a exacerbar uma situação já tensa, em consequência de umas eleições presidenciais, legislativas e provinciais que ameaçam desestabilizar o segundo maior país de África em termos territoriais, onde a pobreza grassa e se vive um clima de guerra civil no Leste.

Depois de uma campanha relativamente violenta, a votação foi no mínimo confusa: atrasos na logística, urnas electrónicas avariadas e cadernos de recenseamento desorganizados.

Os organizadores do protesto criticaram a decisão da Comissão Eleitoral Nacional Independente (CENI) de prolongar a votação para o dia 21 nas assembleias eleitorais que não conseguiram abrir no dia da eleição por falhas de organização. Os opositores consideram que se tratou de uma decisão inconstitucional e exigem a repetição de todo o escrutínio.

Alguns observadores independentes também se referiram à decisão da CENI como tendo comprometido a credibilidade da eleição, algo que a comissão se recusa a aceitar.

Durante o fim-de-semana começaram a ser divulgados os primeiros resultados oficiais e, com 3,2 milhões de votos apurados (ao todo, estavam recenseados quase 44 milhões de eleitores), Tshisekedi, que se candidata a um segundo mandato, aparecia destacado à frente dos seus 18 adversários com 79% dos votos, segundo a Reuters.

No segundo lugar, a grande distância, surge o antigo governador do Catanga, o empresário Moise Katumbi, com cerca de 17%. Martin Fayulu, o adversário de Tshisekedi em 2018, que muitos observadores (incluindo a Igreja Católica) consideraram ter sido o vencedor dessa eleição presidencial, aparece um pouco acima de 1%.

Como a CENI não divulgou a taxa de participação nem de abstenção é impossível saber se o avanço de Tshisekedi é considerável ou um universo ainda muito pequeno para se perceber qual será o resultado final.

Katumbi pediu a demissão do presidente da CENI, Denis Kadima.

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