União Africana pede suspensão da divulgação dos resultados eleitorais no Congo

Numa rara tomada de posição, organização composta por 54 países africanos expressa dúvidas relativamente aos resultados provisórios das eleições presidenciais congolesas.

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A comissão eleitoral do Congo atribuiu a vitória a Felix Tshisekedi, mas os resultados foram contestados Reuters/OLIVIA ACLAND

A União Africana pediu nesta quinta-feira que a divulgação dos resultados das eleições presidenciais na República Democrática do Congo seja suspensa devido às suspeitas de fraude eleitoral.

A comissão eleitoral deste país atribuiu a vitória ao candidato da oposição, Felix Tshisekedi, nas eleições que decorreram no dia 30 de Dezembro. No entanto, os resultados foram contestados por outro candidato oposicionista, Martin Fayulu, que denunciou um “golpe eleitoral” para o afastar do poder. Em terceiro lugar ficou Emmanuel Shadary, o candidato nomeado pelo actual Presidente, Joseph Kabila, que governa o país africano há 18 anos.

Esta é uma rara tomada de posição por parte da União Africana que avoluma as dúvidas relativas aos resultados que marcaram a primeira transferência de poder democrática na República Democrática no Congo nos seus 59 anos de independência.

A comissão eleitoral tinha informado que iria divulgar os resultados finais assim que o tribunal constitucional deliberasse sobre um pedido de contagem de votos manual por parte de Fayulu. Mas, depois de uma reunião na capital da Etiópia, Addis-Abeba, a União Africana tomou uma rara posição de pedir a suspensão da divulgação.

“Os chefes de Estado e de Governo que marcaram presença no encontro concluíram que há sérias dúvidas na conformidade dos resultados provisórios proclamados pela Comissão Eleitoral Nacional Independente, com o veredicto das urnas”, disse a organização, composta por 54 países africanos, em comunicado.

Um diplomata ocidental, falando à Reuters sem se identificar, explicou que esta decisão não tem precedentes: “Não me lembro de outra ocasião em que a União Africana tenha pedido a suspensão da certificação de resultados eleitorais”.

O ministro dos Negócios Estrangeiros congolês não quis fazer comentários à tomada de posição da organização, dá conta a Reuters.

Esta semana, a ONU calculou que pelo menos 890 pessoas morreram durante conflitos étnicos na província de Mai-Ndombe, no Noroeste do Congo, em Dezembro, sendo que este número pode ainda ser maior.

Estes confrontos, que decorreram ao longo de vários dias, entre as comunidades Batende e Banunu, obrigaram a adiamentos sucessivos das eleições naquela zona.

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