Violência no Leste da R.D. Congo já fez 800 mil deslocados

ONU refere que só em Fevereiro perto de 300 mil pessoas tiveram de abandonar as suas casas no Kivu Norte. ACNUR precisa de 220 milhões de euros para responder à crise, mas só recebeu 8% da verba.

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Muitos deslocados do Kivu Norte estão agora na província de Ituri PAUL LORGERIE/Reuters

A escalada de violência na região de Kivu Norte, no Nordeste da República Democrática do Congo, provocou mais de 800 mil deslocados nos últimos 12 meses, entre eles cerca de 300 mil tiveram de abandonar as suas casas em Fevereiro, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

A actividade de grupos armados como o Movimento 23 de Março (M23) ou as Forças Democráticas Aliadas (ADF), assim como as operações lançadas pelo próprio Governo, levaram a uma vaga incessante de deslocados que aumenta também as necessidades humanitárias da população local, que está dependente da ajuda mais básica.

A ONU tenta avaliar essas necessidades, o que passa também por dar números à emergência. Só na última semana, umas 20 mil pessoas fugiram da localidade de Rutshuru, enquanto em meados de Fevereiro quase 50 mil escaparam na região de Kitchanga, explicou o porta-voz do ACNUR, Matthew Saltmarsh.

“Os civis continuam a sofrer o mais alto e sangrento preço do conflito”, disse o porta-voz, que explicou que parte dos deslocados foi para províncias vizinhas como o Kivu Sul ou Ituri. Além disso, este ano uns 5500 cruzaram a fronteira para o Ruanda e outros 5300 para o Uganda.

Quem foge das zonas de conflito relata cenas de violência indiscriminada que inclui “execuções arbitrárias, sequestros, extorsão e violações”, explica Saltmarsh, que pediu a todas as partes que ponham um ponto final na violência.

A R.D. Congo é palco da maior crise de deslocados internos de África, com 5,8 milhões de pessoas afectadas.

A ONU alerta que as necessidades estão a subir vertiginosamente, ao ponto de superarem “num nível dramático” os recursos disponíveis. Por isso, Saltmarsh apelou à solidariedade internacional. Para 2023, o ACNUR pediu mais de 232 milhões de dólares (220 milhões de euros), mas só conseguiu até agora 8% dessa verba.

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