Centro de transferência de tecnologia e conhecimento de Lisboa tem casa nova

Edifício do centro da Universidade de Lisboa teve investimento de quase cinco milhões de euros, contando agora com novas instalações para promover a ligação entre ciência, inovação e empreendedorismo.

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Alameda da Universidade de Lisboa Margarida Basto
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Esta quinta-feira à tarde, é inaugurado o novo edifício do Centro de Transferência de Tecnologia e Valorização do Conhecimento da Universidade de Lisboa (TTC@ULisboa). Tem como grande objectivo promover a ligação entre a ciência e a economia, incentivando a inovação e o empreendedorismo.

Gerido pela Incubadora da Universidade de Lisboa, que promove a transferência de tecnologia e conhecimento entre a academia e a sociedade, o centro, com inauguração marcada para as 15h30, teve um investimento total de 4,7 milhões de euros, cerca de dois milhões dos quais vindos do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (Feder).

“Surgiu a oportunidade de termos financiamento para reabilitar o edifício”, conta ao PÚBLICO Cecília Rodrigues, vice-reitora da Universidade de Lisboa. “Com as obras que fizemos, conseguimos ter uma infra-estrutura com espaços de trabalho, de laboratório e serviços que podem potenciar ainda mais aquilo que tem sido o crescimento da Incubadora da Universidade de Lisboa”, realça Cecília Rodrigues, explicando que o edifício agora inaugurado é o antigo Complexo Interdisciplinar da Universidade de Lisboa, que dá apoio à transferência de tecnologia e empreendedorismo desde 2015. “Em 2021, passou a designar-se TTC@ULisboa. As obras de reabilitação e adaptação dos espaços dão agora origem a esta inauguração, com novas infra-estruturas de apoio à investigação e inovação.”

Com o propósito de “servir a universidade e os seus empreendedores ao pôr em prática as suas ideias”, destaca ainda a vice-reitora, o edifício renovado do centro TTC@ULisboa já acolhe cerca de 20 startups e entidades de investigação e inovação, em áreas que vão da biotecnologia e saúde até ao digital design, e pretende duplicar este número num futuro próximo.

Entre as startups que o centro já alberga, ou vai albergar, encontram-se por exemplo a Heart Genetics, a LX-Bio, a WeNou, a TargTex ou a MPC designworks. Entre outras entidades que farão do Centro de Transferência de Tecnologia e Valorização do Conhecimento a sua nova casa estão o Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), o Centro Internacional de Investigação nos Açores (ou AIR Center – Atlantic International Research Center) e o laboratório colaborativo +Atlantic (CoLab +Atlantic).

O centro vai “identificar ideias com potencial e mobilizar equipas multidisciplinares para enfrentar desafios societais”, procurando facilitar o contacto com entidades financiadoras, resume Cecília Rodrigues citada em comunicado.

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O átrio do novo centro DR

Esta será também a casa de estudantes de licenciatura da universidade, contribuindo para a sua formação a nível académico e pessoal, destaca ainda Cecília Rodrigues. “Vamos ajudá-los a desenvolver este cariz empreendedor. É neste edifício que pretendemos implementar programas de estímulo à inovação.”

Um dia aberto no LIP

Ainda que o centro seja “mais virado” para o mundo das start-ups e dos negócios, é já possível encontrar no edifico reabilitado a nova casa do LIP. “É um laboratório que trabalha a física de altas energias. Foi criado em 1986, quando Portugal se juntou ao CERN [Laboratório Europeu de Física de Partículas], para apoiar os físicos de partículas [portugueses]”, recorda Patrícia Gonçalves, directora do LIP e investigadora no Instituto Superior Técnico, em Lisboa.

“Temos físicos que trabalham em diversas experiências que sondam e tentam compreender as interacções [das partículas] ao nível mais fundamental. Desenvolvemos também tecnologia que é necessária para podermos planear e fazer estas experiências, que são enormes e envolvem muita gente”, acrescenta Patrícia Gonçalves, dando como exemplo a criação de detectores de partículas e o seu centro de computação que permite fazer cálculos rápidos e computação distribuída. “Desenvolvemos tecnologia com aplicações para a física no espaço, na saúde, no mercado e nos municípios.”

Associando-se à inauguração do TTC@ULisboa, decorre a exposição interactiva Desinformação (no átrio de entrada), bem como o dia aberto do LIP, havendo oportunidade de conversa com os seus investigadores. Quem percorrer os diferentes espaços do LIP, poderá ser transportado para lugares como o CERN (na fronteira franco-suíça), o observatório de raios cósmicos Pierre Auger (na pampa argentina) ou o fundo de uma mina no Canadá, onde está instalado o laboratório Snolab, que procura neutrinos e matéria escura. Descobrirá aplicações das tecnologias da física de partículas em lugares tão diferentes como um hospital e o espaço interestelar. “A visita servirá para perceber melhor o que é que os cientistas fazem no dia-a-dia”, conclui Patrícia Gonçalves.

Texto editado por Teresa Firmino

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