Polónia vai construir 24 pequenos reactores nucleares, além de duas centrais grandes

País da União Europeia fortemente dependente do carvão está a apostar no poder do átomo para a transição energética, enquanto marca passo nas renováveis.

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A central eléctrica de Belchatow, na Polónia, é a maior na UE que usa como combustível o carvão Kacper Pempel/REUTERS
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A Polónia deu luz verde à construção de 24 novos pequenos reactores nucleares modulares (conhecidos pela sigla em inglês SMR) em seis locais, anunciou a empresa encarregada da obra, a Orlen Synthos Green Energy (OSGE). Antes disto, a Polónia tinha já dado autorização para erguer duas centrais nucleares de grande dimensão.

O objectivo é apostar no nuclear para a transição energética, num país da União Europeia (UE) que em 2022 estava 79% dependente de combustíveis fósseis (69% de carvão) para produzir a sua electricidade, segundo uma análise do think tank especializado em energia Ember. Só 21% da electricidade polaca é proveniente de fontes renováveis, o que corresponde a uma das percentagens mais baixas da UE.

Os planos anunciados por Varsóvia para reduzir a sua dependência do carvão passam por construir quatro a seis reactores nucleares, com uma capacidade total de seis a nove GW, entre 2026 e meados de 2040. O abandono total deste combustível fóssil só está previsto para 2049, muito mais tarde do que o necessário para manter o aquecimento global abaixo de 1,5 graus, sublinha a Ember.

A energia nuclear não é renovável, mas é considerada de baixas emissões de gases com efeito de estufa – embora não tenha zero emissões, como dizem os defensores do átomo. As emissões durante a construção prolongada das centrais nucleares, a extracção e transporte de urânio para as alimentar e o longo cuidado que é necessário ter com os resíduos radioactivos devem também ser contabilizados.

Numa entrevista à televisão Al-Arabiya, da Arábia Saudita, durante a conferência do clima das Nações Unidas que está a decorrer no Dubai (COP28), o Presidente polaco, Andrzej Duda, afirmou a aposta do seu país no nuclear. “Temos de mudar para a energia nuclear, que nunca existiu [na Polónia]. O átomo é o futuro para nós e para cumprirmos as nossas obrigações com a protecção climática e a descarbonização, que resultam de integrarmos a União Europeia”, disse o governante, citado pela televisão polaca.

Assim, a primeira central nuclear deve começar a ser construída na costa do Báltico em 2026, e deve começar a funcionar em 2040, em Lubiatowo-Kopalino, numa parceria com a Westinghouse e o Governo norte-americano. A segunda central deve tomar forma na região de Patnów-Konin, no centro do país, segundo o site Energy Central.

A construção destes 24 pequenos reactores modulares – uma tecnologia ainda experimental – foi anunciada nesta quinta-feira na COP28, no Dubai, pela empresa que os vai erguer. “O Governo polaco decidiu emitir uma decisão e aprovou seis locais para construir 24 unidades estado-da-arte GE Hitachi BWRX-300 na Polónia”, disse o administrador da OSGE, Rafal Kasprow, num comunicado de imprensa e na cimeira da Neutralidade Carbónica Nuclear, no Dubai.

O Ministério do Clima polaco disse que estes reactores serão construídos em Wloclawek, Stawy Monowskie, Stalowa Wola, Ostroleka, Nowa Huta e Dabrowa Gornicza.

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