Depois de semanas de chuva voltaram os riscos de humidade e bolor em casa. O que fazer?

Outubro foi o quarto mais chuvoso desde que há registo. O litoral Norte registou os valores mais altos, aumentando os riscos de excesso de humidade e fungos nas casas. O que fazer? Eis algumas dicas.

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A humidade piora as condições dentro de casa Jamie Atlas/GettyImages
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Segundo os dados preliminares do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Outubro passado foi o quarto Outubro mais chuvoso em Portugal continental desde que se iniciaram os registos meteorológicos, em 1931. Nos primeiros dias de Novembro a chuva persistiu, sobretudo a Norte do país, devendo voltar a cair com intensidade no final do mês. Esta quarta-feira, Ponte de Lima voltou a ser detentora do recorde do país, com 77,4 milímetros [o mesmo que 77,4 litros por metro quadrado]. Se o resto do Outono e o Inverno continuarem chuvosos, o risco do crescimento de fungos em casa terá a tendência de aumentar devido ao excesso de humidade.

Em Outubro “choveu 219 milímetros”, diz ao PÚBLICO Vanda Cabrinha, da área de climatologia do IPMA, explicando que “este Outubro foi um dos mais chuvosos” a nível de Portugal continental. Por comparação, o valor médio de Outubro para o período de referência entre 1981 e 2010 foi de 108,8 milímetros.

“A região Norte, sobretudo o litoral Norte, foi a região onde choveu mais. Nessas regiões foi o Outubro mais chuvoso desde o início das séries”, acrescenta a especialista, dando o exemplo de Ponte de Lima, onde choveu 975 milímetros ao longo do mês de Outubro – o mais chuvoso nesta vila desde o início da série, que tem registos desde 1981.

A previsão do IPMA para as quatro semanas entre seis de Novembro e três de Dezembro dava uma previsão de precipitação acima do normal para o litoral Norte durante a primeira semana, precipitação abaixo do normal para a segunda semana em todo o território e a probabilidade de precipitação acima do normal para a quarta semana, também em todo o território (na terceira semana, não havia um sinal estatisticamente significativo).

Nesta quarta-feira, Ponte de Lima voltou a ser detentora do recorde do país, com 77,4 milímetros. “É um valor elevado”, contextualiza ao PÚBLICO Maria João Frada, da divisão de meteorologia do IPMA, adiantando que “houve persistência de precipitação no Minho e Douro Litoral”.

Controlar a humidade em casa

Podendo ser importante para os solos e para os reservatórios de água do país, a quantidade de chuva pode trazer problemas a nível doméstico. O excesso de humidade nas casas pode abrir a porta para o crescimento de bolor e mofo, potencialmente prejudiciais para a saúde das pessoas. Nesse sentido, a precipitação que tem vindo a ocorrer nas últimas semanas no país torna mais difícil reduzir a humidade dentro de casa.

A concentração de humidade ideal em casa situa-se entre os 50 e os 60 por cento, de acordo com a Deco Proteste – ter um higrómetro em casa permite medir aqueles valores diariamente. Abaixo dos 50 por cento, o ar torna-se demasiado seco e pode provocar irritações respiratórias. Acima dos 60 por cento, estão criadas as condições ideias para o crescimento de fungos e a multiplicação dos ácaros.

Dentro de casa, a respiração de pessoas, de animais e de plantas, as actividades da cozinha, a produção de vapor durante os banhos, são parte dos fenómenos que fazem aumentar a humidade. Quando, lá fora, a humidade também atinge valores altos, há uma dificuldade acrescida de se conseguir reduzir o nível de humidade para valores aceitáveis.

Por outro lado, quando os edifícios estão mal isolados, ficam sujeitos às condições meteorológicas externas, provocando fenómenos de condensação de água nos vidros ou nas caixilharias das janelas: quando a ar quente e húmido dentro de casa entra em contacto com o vidro que está mais frio, devido ao ar externo, a humidade condensa-se em gotículas de água. Estes fenómenos dão mais condições para o crescimento de fungos.

Por isso é tão importante arejar diariamente as casas, mesmo durante os dias de Inverno e nas temporadas mais húmidas. O ideal será arejar nas horas de maior exposição solar. Se, mesmo assim, não for possível baixar o grau de humidade em casa, é aconselhável recorrer-se a desumidificadores.

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