PSD defende que “apreensões” de Marcelo sobre Efacec exigem explicações do Governo

Montenegro considera que a apreensão de Marcelo sobre a Efacec reforça a importância de o executivo prestar esclarecimentos. Já a coordenadora do Bloco critica a “obsessão do Governo” em privatizar.

Foto
"O Governo tem o dever de esclarecer o país” sobre a venda da Efacec, defende o líder do PSD LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO
Ouça este artigo
00:00
03:36

O líder do PSD, Luís Montenegro, considera que as apreensões apresentadas pelo Presidente da República esta quinta-feira acerca da venda da Efacec ao fundo alemão Mutares reforçam a vontade dos sociais-democratas de chamar o Governo à Assembleia da República para prestar esclarecimentos sobre o negócio. Por sua vez, a líder do Bloco de Esquerda critica a "obsessão do Governo" em privatizar empresas e diz-se "disponível" para estudar o texto que o PSD ou a IL apresentarem caso queiram avançar com uma comissão de inquérito.

“Vemos nas apreensões que o Presidente da República manifestou mais razões para que o Governo vá à Assembleia da República prestar os seus esclarecimentos”, disse Montenegro aos jornalistas a partir de Alenquer, a propósito da iniciativa Sentir Portugal, em declarações transmitidas pela RTP3. “Logo veremos se [os esclarecimentos] são suficientes ou se seguirão outras fases, aproveitando os instrumentos parlamentares que temos à nossa disposição, incluindo avançar para um inquérito parlamentar”.

O PSD admitiu na passada quinta-feira poder vir a recorrer a este mecanismo parlamentar se as justificações do executivo socialista não forem satisfatórias. Um dia antes, os sociais-democratas anunciaram que que iam chamar ao Parlamento, com carácter de urgência, o ministro da Economia, António Costa Silva.

“Estamos a falar de uma grande quantia de dinheiro dos contribuintes, que têm de saber por que foi aplicada desta maneira, com que intuito. Não é vida para o nosso país estarmos permanentemente a acudir empresas dando ao funcionamento das mesmas [empresas] meios financeiros que são dos contribuintes”, defendeu o social-democrata. E acrescentou que o dinheiro que o Estado irá injectar na Efacec era “suficiente para que houvesse uma primeira fase de recuperação integral do tempo de serviço dos professores”. “Os portugueses têm o direito de saber a verdade [sobre a venda] e o Governo tem o dever de esclarecer o país”, concluiu.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, a venda da empresa portuguesa ao grupo alemão ficou “aquém” do que esperava.

Esta quinta-feira, no final de um encontro sobre a Web Summit onde também estava presente Costa Silva, o chefe de Estado afirmou: “Admito que o senhor ministro [Costa Silva] ache que [o negócio] é bom. Agora é bom em termos do que desejaríamos e sonharíamos para a Efacec num contexto diferente? Eu acho que está aquém daquilo que, ao longo do tempo, pensámos, sonhámos e admitimos que fosse possível.”

Mortágua não compreende "obsessão do Governo"

Citada pela Lusa, a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considera "incompreensível" a "obsessão do Governo e dos governos em privatizar empresas que são importantes para o país e em pagar para vendê-las". Para a bloquista está em causa a "defesa dos interesses estratégicos dos activos estratégicos do país".

"Não temos electricidade, já não temos aeroportos, não temos as comunicações, não temos as infra-estruturas de electricidade, já se privatizou tudo e agora podemos pelo menos reter a companhia aérea nacional e uma empresa industrial", concluiu, aludindo à TAP.

Face à possibilidade de vir a ser constituída uma comissão parlamentar de inquérito, Mortágua disse que o seu partido está a "favor de toda a transparência" e "sempre disponível" para estudar o texto que o PSD ou a IL apresentarem.

Já o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, deixou claro ao início da manhã que não considera necessário avançar com uma comissão de inquérito. “A questão da Efacec é tão evidente, tão evidente, que eu não estou a ver para que é que se vai perder tempo numa comissão de inquérito.” O dirigente acrescentou que, na última comissão de inquérito à TAP, não se discutiu o negócio de privatização, pelo que, criar uma comissão sobre a Efacec com o mesmo propósito é “estar a perder tempo”.

Actualizado às 17h52 com reacção de Mariana Mortágua e Paulo Raimundo

Sugerir correcção
Ler 4 comentários