Efacec: negócio é “tão evidente” que não justifica comissão de inquérito, defende PCP

O Chega e a IL anunciaram que vão propor a constituição de uma comissão de inquérito à privatização da Efacec. Raimundo teme que negócios seja “uma antecâmara” do que se quer fazer na TAP.

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Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP LUSA/MIGUEL A. LOPES

O secretário-geral do PCP considerou, esta sexta-feira, que o processo de privatização da Efacec é “tão evidente” que não justifica uma comissão de inquérito e disse temer que o negócio seja “uma antecâmara” do que se quer fazer na TAP. “A questão da Efacec é tão evidente, tão evidente, que eu não estou a ver para que é que se vai perder tempo numa comissão de inquérito”, afirmou Paulo Raimundo em declarações aos jornalistas diante do Centro de Saúde de Odivelas, em Lisboa.

O Chega e a Iniciativa Liberal já anunciaram que vão propor a constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à privatização da Efacec, tendo o PSD igualmente admitido avançar com essa proposta, caso o Governo não esclareça todos os detalhes do negócio.

O dirigente do PCP sublinhou que, na última comissão de inquérito à TAP, discutiu-se “tudo e um par de botas”, menos o negócio de privatização, e acrescentou que, se for criada uma comissão sobre a Efacec com o mesmo propósito, não vale a pena “estar a perder tempo”.

“Há outros entretenimentos que valem mais a pena. Se for para clarificar este crime económico que está em curso, se calhar vale a pena. Mas a questão não é essa: eu acho que é tão evidente e simples que não estou a ver necessidades de grandes investigações”, reiterou.

Paulo Raimundo reiterou que a privatização da Efacec é um “crime económico e político” e um “filme que já se viu”, em que o Governo investe numa empresa — que “está limpa, tem contratos, está regularizada, capitalizada e é das mais importantes a nível mundial no seu sector” — e a “dá a um grupo alemão”.

O secretário-geral do PCP reforçou que o Governo “investe, limpa e capitaliza a empresa, e depois pega nela e entrega-a de mão beijada a um investidor alemão, que a compra a empresa com o dinheiro da empresa”, referindo que é o mesmo tipo de negócio que foi feito na TAP. “É extraordinário. Se eu tivesse 60 milhões de euros para dar como caução, eu também comprava a empresa. Assim é fácil: com o dinheiro dos outros, é fácil”, referiu.

Paulo Raimundo disse que a sua maior preocupação é saber se a privatização da Efacec “não é uma antecâmara do negócio que se quer fazer para a TAP”. “Mas isso, cá estaremos [para ver]. Ainda confiamos que é possível combater a privatização da TAP, que é possível parar este estrondoso crime económico, mas vamos lá ver se não é isso que se vai repetir...”, referiu.

O Estado, através da Parpública, vendeu na terça-feira, ao fundo alemão Mutares, 100% da Efacec, empresa que opera nos sectores da energia, engenharia e mobilidade, com cerca de 2000 trabalhadores, nacionalizada em 2020, ficando o Estado a deter 71,73% da empresa. A nacionalização, apresentada como temporária, ocorreu na sequência do arresto judicial de bens da empresária angolana Isabel dos Santos, que detinha a maioria do capital da Efacec.

Na terça-feira, o ministro da Economia disse que o Estado vai injectar mais 160 milhões de euros na Efacec, enquanto o fundo Mutares injectará na 15 milhões de euros em capital e 60 milhões de euros em garantias.

O Estado já injectou 132 milhões de euros na Efacec, a que se somam mais 85 milhões de euros em garantias.

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