Influência de El Niño continua até meados de 2024, ameaçando a agricultura

Previsões apontam para mais chuva no Peru e o Equador, bem como no México, a par de condições de seca no Brasil, Guiana e Suriname. O actual período de seca na América Central pode acabar este ano.

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Moradores carregam sacos de legumes através de um riacho inundado pelas chuvas causadas pela influência direta do ciclone Yaku, em Piura, Peru, a 11 de Março de 2023 Reuters/SEBASTIAN CASTANEDA
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Barcos e barcos-casa são vistos encalhados na Marina de David, uma vez que o nível da água num importante porto fluvial na floresta amazónica brasileira atingiu o seu ponto mais baixo em pelo menos 121 anos, no rio Negro em Manaus, Brasil, 16 de Outubro de 2023 Reuters/BRUNO KELLY

O fenómeno climático El Niño vai durar pelo menos até à primeira metade de 2024, de acordo com as últimas previsões das Nações Unidas, com chuvas anormais em toda a América Latina, o que suscita receios no sector agrícola.

As temperaturas da superfície do mar no Pacífico subiram nos últimos meses, "com um aquecimento mais forte ao longo da costa da América do Sul", refere o relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) ao qual a Reuters teve acesso na quinta-feira.

As previsões para o primeiro trimestre de 2024 apontam para mais chuva do que o habitual nos países do cone sul, como o Peru e o Equador, bem como no México, a par de condições de seca no Brasil, Guiana e Suriname. No entanto, o actual período de seca na América Central deverá durar apenas até ao final deste ano.

O relatório sublinha igualmente que a agricultura, que inclui as culturas, a pecuária, as florestas e a pesca, é particularmente vulnerável, uma vez que o sector pode absorver 26% das perdas económicas durante condições meteorológicas extremas e até 82% durante a seca.

As principais espécies de peixe, como a anchova e o atum, na costa norte do Peru e no sul do Equador, estão particularmente em risco, segundo o relatório. Os pescadores equatorianos registaram uma diminuição de 30% nas capturas de atum desde Fevereiro, segundo o relatório.

Os padrões climáticos El Niño e La Niña, que se lhe opõem, afectaram a produção de culturas fundamentais como o trigo, o arroz e o milho na América Latina, que são altamente dependentes de matérias-primas. As condições extremas provocadas pelo El Niño estão a afectar a região, mas esta também enfrenta simultaneamente os efeitos das alterações climáticas, como as ondas de calor, refere o relatório.

A FAO anuncia que lançou um plano para mobilizar recursos financeiros para as comunidades vulneráveis em vários países afectados pelo clima extremo.

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