Cientistas calculam que há 95% de hipóteses de El Niño nos afectar até Março

O padrão climático El Niño forma-se no Pacífico e afecta todo o planeta. Há 95% de hipóteses de que esteja connosco até Janeiro-Março do próximo ano, diz agência dos EUA.

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O El Niño pode afectar as colheitas de arroz, fazendo com que chova menos na Ásia FAZRY ISMAIL/EPA

Há uma probabilidade superior a 95% de que o padrão climático El Niño continue a fazer-se sentir no Hemisfério Norte entre Janeiro e Março de 2024, provocando mais fenómenos meteorológicos extremos, segundo uma comunicação do Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos.

O aquecimento das águas superficiais do oceano Pacífico Leste e Central desencadeia o fenómeno El Niño, cuja influência está a ser sentida por todo o globo, na forma de vários tipos de calamidades, desde incêndios florestais a ciclones tropicais e secas prolongadas. Os riscos são mais elevados para as economias emergentes, que estão mais expostas a aumentos dos preços nos alimentos e na energia.

“Com o El Niño a tornar-se forte, há boas probabilidades de que tenha um impacto nas próximas colheitas de cereais do Hemisfério Sul”, avançou Chris Hyde, meteorologista da empresa de tecnologia espacial Maxar. “Isto inclui as plantações na África do Sul, Sudeste Asiático, Austrália e Brasil, que se devem tornar mais secos e quentes do que o normal”, acrescentou.

Colheitas de arroz em risco

Na terça-feira, os serviços meteorológicos australianos disseram que os indicadores da chegada do El Niño se tinham tornado mais fortes, e que é provável que este padrão climático se instale entre Setembro e Novembro. Na Austrália, espera-se que o tempo fique mais quente e seco. “Aumentaram para 71% as hipóteses de termos um El Niño forte”, diz um comunicado do Centro de Previsão Climática dos Estados Unidos, que faz parte da Administração Nacional para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA na sigla em inglês).

A Organização Meteorológica Mundial alertou em Junho que era de esperar que as temperaturas aumentassem em grande parte do mundo, depois do El Niño ter começado a formar-se no Pacífico pela primeira vez em sete anos.

As reservas mundiais de arroz, a base da alimentação na Ásia, ficam ameaçadas pelo El Niño: se for forte, é provável que haja na Ásia menos chuva do que o normal, e o arroz é muito sedento. É na Ásia que se cultiva 90% do arroz consumido no mundo. A situação é agravada porque a Índia, um dos grandes exportadores mundiais, interditou a exportação de uma variedade importante de arroz. Há outras proibições de exportação em vigor na Ásia, Austrália e África de matérias-primas alimentares como café, óleo de palma, açúcar, trigo e chocolate.

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