Esta segunda-feira serão os funcionários não docentes a fazer encerrar escolas

Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação convocou greve. Lamenta que 90% da classe leve para casa 606 euros líquidos por mês.

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“Não se entende o racional científico para carreiras cujo topo só se atinge ao fim de 70 anos de serviço” ADRIANO MIRANDA

Depois de muitas escolas terem estado fechadas na sexta-feira, por causa da greve dos professores, esta segunda-feira um protesto dos funcionários dos estabelecimentos de ensino poderá vir a ter idêntico resultado.

Marcado pelo Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (Sinape), a greve destina-se a reivindicar a valorização dos assistentes operacionais. “Noventa por cento deles levam para casa todos os meses 606 euros líquidos”, lamenta o secretário-geral do Sinape, Francisco Clemente Pinto, que espera conseguir fazer encerrar dezenas ou mesmo centenas de escolas.

"Têm emprego mas não conseguem sair da pobreza. Alguns tiveram de arranjar um segundo emprego para conseguirem subsistir." Pelas contas do dirigente sindical, a taxa de adesão da classe ao protesto deverá rondar os 65%.

A progressão na carreira é outro dos motivos da paralisação. “Não se entende o racional científico para carreiras cujo topo só se atinge ao fim de 70 anos de serviço”, pode ler-se no pré-aviso de greve, que explica que foi criado um “acelerador de carreira” que só abrange quem tem no mínimo 18 anos de serviço e uma boa avaliação.

Setúbal, Redondo, Almeirim, Vila Pouca de Aguiar, Bornes, Valença e Almancil são algumas das localidades onde Francisco Clemente Pinto conta haver esta segunda-feira estabelecimentos de ensino fechados, por muito que caiba respectivos directores decidir se se mantêm de portas abertas ou não. “O critério usado na decisão prende-se com estarem ou não reunidas condições de segurança para os alunos”, explica o presidente da Associação Nacional dos Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, que também está a contar com encerramentos de escolas. Não existe um número ou uma percentagem mínima obrigatória de assistentes operacionais para as escolas se manterem em funcionamento.

Apesar da paralisação, o Sinape deu instruções aos seus associados para servirem refeições aos alunos que morem longe da escola e não possuam alternativa, situação que se verifica sobretudo em localidades do interior do país.

“Além de tudo, temos que ter os pais do nosso lado”, observa o dirigente sindical, que diz ter sido informado de pressões exercidas por dirigentes escolares sobre funcionários a recibo verde e a contrato com termo, no sentido de esta segunda-feira substituírem os grevistas, sob pena de serem transferidos para outro local de trabalho.

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