Rússia vai tentar voltar à Lua pela primeira vez desde 1976

Há 47 anos que a Rússia não pousa um módulo na superfície da Lua. Esta sexta-feira, a agência espacial russa vai lançar uma nave para o pólo Sul da Lua - e tentará chegar primeiro do que a Índia.

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O Luna-25 tinha a partida prevista para Outubro de 2021, mas a sua viagem foi adiada quase dois anos ROSCOSMOS/Reuters

A Rússia vai lançar o seu primeiro módulo de pouso lunar em 47 anos, na madrugada desta sexta-feira (pouco depois da meia-noite em Portugal continental), numa corrida com a Índia para a chegada ao pólo Sul da Lua, uma potencial fonte de água que será útil para garantir uma futura presença humana no satélite natural da Terra.

O lançamento do cosmódromo de Vostochny, a 5500 quilómetros de Moscovo, acontece quatro semanas depois de a Índia ter enviado o seu robô Chandrayaan-3, que tem chegada prevista ao pólo Sul da Lua a 23 de Agosto.

O terreno acidentado nesta região da Lua dificulta a alunagem, mas este é um destino valioso porque os cientistas acreditam que pode ter quantidades significativas de gelo, que poderão ser utilizadas para extrair combustível e oxigénio, bem como água para beber.

A agência espacial russa, a Roscosmos, afirmou em resposta às perguntas da agência Reuters que a sua nave Luna-25 levará cinco dias para chegar à Lua e depois estará entre cinco a sete dias em órbita lunar antes de descer num dos três locais de alunagem possíveis, perto do pólo Sul. Este cronograma sugere que a Rússia poderá igualar ou vencer por pouco o seu rival indiano na chegada a esta zona da Lua.

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A Rússia tentará pousar na Lua pela primeira vez em 47 anos ROSCOSMOS/REUTERS

“Há espaço para todos”

A Roscosmos refere que as duas missões não se atrapalharão, se chegarem em simultâneo, porque têm diferentes áreas de alunagem. “Não há perigo de [as naves] interferirem ou colidirem. Há espaço suficiente para todos na Lua”, afirma a agência espacial.

O módulo Chandrayaan-3 deverá realizar experiências durante duas semanas, enquanto o Luna-25 vai trabalhar na Lua durante um ano. Em Abril, a Ispace, do Japão, falhou a tentativa de ser a primeira empresa espacial privada a pousar na Lua.

O Luna-25, que tem 1,8 toneladas e carregará 31 quilos de equipamento científico, usará uma pá para recolher amostras de rocha até 15 centímetros de profundidade, para testar a presença de água congelada no pólo Sul da Lua.

“A Lua é o sétimo continente da Terra. Portanto, estamos simplesmente ‘condenados’, por assim dizer, a controlá-la”, considera Lev Zeleny, investigador espacial da Academia de Ciências Russa.

O lançamento, originalmente planeado para Outubro de 2021, foi adiado por quase dois anos. A Agência Espacial Europeia (ESA) pretendia testar a sua câmara de navegação Pilot-D aplicando-a no Luna-25, mas saiu do projecto depois de a Rússia ter invadido a Ucrânia em Fevereiro do ano passado.

Os moradores de uma pequena aldeia no Extremo Leste da Rússia vão ser retirados das suas casas na sexta-feira de manha, já que há uma “hipótese em um milhão” de que um dos andares do foguetão que vai levar o Luna-25 até ao espaço cair naquela zona, diz um responsável local.

Alexei Maslov referiu à rádio russa Business FM que os 26 habitantes de Shakhtinsky vão ser levados para um lugar onde poderão assistir ao lançamento e receber um pequeno-almoço gratuito – voltando a casa cerca de três horas e meia depois. Também os pescadores e caçadores nesta região foram avisados da remota hipótese de cair um andar do foguetão naquela zona.

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