Sonda de empresa privada japonesa não conseguiu pousar com sucesso na Lua

Empresa ispace já confirmou que a alunagem do seu veículo não foi bem-sucedida. Engenheiros da missão sugerem que, no momento em que descia à Lua, a velocidade da sonda aumentou de forma muito rápida.

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Modelo do veículo lunar KIM KYUNG-HOON/Reuters
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Director-executivo da ispace (ao centro) no momento em que anunciou que as comunicações com a sonda tinham sido perdidas FRANCK ROBICHON/Reuters
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Membros da equipa da missão no momento em que se soube que as comunicações tinham sido perdidas FRANCK ROBICHON/Reuters

O veículo da empresa privada japonesa ispace não conseguiu pousar na Lua com sucesso, confirmou a empresa em comunicado já durante a madrugada desta quarta-feira (no horário de Lisboa). Caso tivesse conseguido alunar de forma bem-sucedida, o veículo da “Missão 1 Hakuto-R” tinha-se tornado o primeiro do sector privado a alcançar esse feito.

A tentativa de alunagem da sonda ocorreu durante a tarde desta terça-feira. Tudo parecia estar a correr bem, até que as comunicações com o veículo foram perdidas pouco antes da chegada ao solo lunar. No final da transmissão online, que acompanhou a descida da sonda até à Lua, Takeshi Hakamada, director-executivo da ispace, anunciava: “Continuamos a investigar, mas ainda não conseguimos estabelecer uma comunicação [com o veículo].” O director-executivo indicava que, até muito perto do solo lunar, se tinha conseguido ter contacto com o módulo, mas que depois o contacto se tinha perdido. “Temos de começar a assumir que não conseguimos cumprir a alunagem.”

A confirmação chegou, através do comunicado da empresa, já durante a madrugada, em que se refere que “a comunicação entre o veículo e o Centro de Controlo da Missão [em Tóquio] tinha sido perdida, embora fosse esperada mesmo depois da aterragem, e se tinha determinado que o Sucesso 9 dos Objectivos da Missão não tinha sido alcançado”. A missão tinha oito objectivos e o nono correspondia a uma alunagem bem-sucedida.

No comunicado, explica-se ainda que, com base nos dados disponíveis, o centro de controlo confirmou que o veículo se manteve numa posição vertical até à fase final da aproximação à superfície da Lua. “Pouco depois do momento calendarizado para a alunagem, não foram recebidos dados que indicassem que a aterragem tivesse acontecido.” Engenheiros da missão sugerem que a velocidade com que desceu até à Lua aumentou rapidamente, de acordo algumas estimativas já realizadas. Depois, a comunicação perdeu-se. “Com base nestes dados, determinou-se que há uma elevada probabilidade de o veículo ter tido uma alunagem brusca na superfície da Lua”, assinala-se.

A equipa da missão continua a trabalhar para perceber o que aconteceu de forma mais aprofundada. Mesmo assim, a empresa destaca os outros objectivos alcançados pela sonda, como o lançamento bem efectuado ou que o veículo entrasse na órbita da Lua de forma controlada.

A ispace já tem mais duas missões agendadas. A segunda missão está marcada para 2024 e, além de tentar uma alunagem com sucesso, pretende-se que o veículo enviado explore o nosso satélite natural e que possa já recolher amostras. Para a terceira missão, planeada para 2025, a empresa está a conceber um veículo de alunagem maior para o programa da NASA Commercial Lunar Payload Services, que consiste numa parceria com nove empresas privadas para enviar novos instrumentos científicos e tecnologia para a Lua.

Até agora, só veículos dos Estados Unidos, da então União Soviética e da China conseguiram chegar a solo lunar. Em 2019, Israel tinha tentado ser o quarto país a conseguir esse feito. Contudo, a sonda Beresheet – a primeira missão à Lua financiada por fundos privados – não conseguiu aterrar com sucesso em território lunar. Esta semana, a empresa ispace queria tornar-se a primeira privada com um veículo a pisar a Lua, com sucesso. Ainda não foi desta – mas nos próximos meses e anos outras empresas, além da própria ispace, tentarão alcançar a Lua.

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