Pronto para a missão: eis as primeiras imagens do telescópio Euclides

Teste bem-sucedido. A Agência Espacial Europeia divulgou as primeiras imagens tiradas pelo telescópio Euclides e que provam que está a postos para a missão de desvendar os maiores mistérios da física.

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As primeiras imagens (nesta vê-se a luz infravemelha) mostram que os instrumentos do Euclides funcionam sem qualquer falha Consórcio Euclides/ESA/NASA
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Há estrelas notoriamente brilhantes ou alguns raios cósmicos nos detalhes mais evidentes das primeiras imagens do telescópio espacial Euclides. Há ainda algumas espirais mais difusas, que, diz a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), serão galáxias que o Euclides vai explorar à medida que completa o mapa do Universo. Estes são os primeiros retratos do novo telescópio europeu, acabados de divulgar pela ESA.

Mais do que isso, estas primeiras imagens confirmam que os dois instrumentos do Euclides (um que capta imagens na parte visível do espectro electromagnético e outro na radiação infravermelha) estão a postos para a sua verdadeira missão: compreender, entre outros aspectos, por que razão está o Universo a expandir-se tão rapidamente e qual o papel da energia escura neste processo.

Apesar de sabermos que o Universo está a expandir-se de modo acelerado, ainda não temos uma explicação para esta aceleração. As hipóteses apontam para a energia escura como um mecanismo capaz de forçar o Universo a expandir-se cada vez mais depressa, mas ainda não sabemos o suficiente sobre esta energia escura. E sim, a energia escura juntamente com a matéria escura (outro dos grandes mistérios) constituem cerca de 95% da composição do Universo. Os restantes 5% são apenas o Universo que conseguimos ver.

Ainda que a energia e a matéria escura sejam consistentes com actual teoria da física, falta-nos saber concretamente o que são ou como funcionam, por exemplo.

Essa será parte do trabalho do Euclides até ao final da década, em 2030. A busca do telescópio espacial europeu de informação e imagens no Universo apenas está prevista para o próximo ano, mas estes primeiros testes dão confiança à ESA de que tudo está afinado – especialmente depois de um susto quando ligaram um dos instrumentos (havia luz a contaminar a captação de imagens).

“Depois de mais de 11 anos de criação e desenvolvimento do Euclides, é extremamente emocionante olhar para estas primeiras imagens”, diz o director do projecto, Giuseppe Racca, num comunicado da agência europeia. “É ainda mais incrível quando pensamos que estamos a ver apenas algumas galáxias aqui, produzidas através do mínimo de ajustes do sistema. Quando o Euclides estiver totalmente calibrado, poderá finalmente observar milhares de milhões de galáxias para criar o maior mapa 3D do céu de todos os tempos.”

Três imagens do Euclides reveladas

As imagens divulgadas pela ESA não receberam ajuda de muitos filtros. Na imagem obtida pelo instrumento que capta a luz visível – o tal que pregou um susto à equipa europeia –, e que surge a preto e branco, temos um retrato mais imediato do Universo.

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Imagem captada pelo telescópio Euclides na luz visível do espectro electromagnético Consórcio Euclides/ESA/NASA

A esta imagem junta-se outra captada pelo instrumento que desvenda a luz infravermelha do Universo – tal como também faz, por exemplo, o telescópio espacial James Webb. Nesta imagem vê-se a mesma região do Universo antes captada a preto e branco e aqui observada na luz infravermelha. Há ainda uma terceira imagem, menos apelativa e também da radiação infravermelha.

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O resultado da captação no espectro infravermelho do Euclides ESA/Euclides/Consórcio Euclides/NASA

“Apesar destas primeiras imagens de teste não poderem ser utilizadas para fins científicos, estou feliz por o telescópio e os dois instrumentos estarem a funcionar perfeitamente no espaço”, afirmou Knud Jahnke, cientista do Instituto de Astronomia Max Planck (Alemanha), que trabalha no instrumento do Euclides que capta a luz infravermelha.

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A terceira imagem divulgada pela Agência Espacial Europeia CONSÓRCIO EUCLIDES/ESA/NASA

O director-geral da ESA, Josef Aschbacher, partilha o optimismo, em declarações à ESA: “Tenho total confiança de que a equipa à frente desta missão vai ser bem-sucedida a revelar imenso sobre os 95% do Universo, dos quais actualmente sabemos muito pouco.”

A missão Euclides partiu para o espaço a 1 de Julho, da base da agência espacial norte-americana NASA em Cabo Canaveral (Estados Unidos), para desvendar alguns dos maiores mistérios do Universo, como o Universo invisível e a aceleração da expansão do Universo. Podemos esperar novidades ao longo dos próximos anos, mas para já há uma boa notícia: os instrumentos do Euclides funcionam e têm imagens com óptima resolução.

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