Telescópio Euclides descola com sucesso para explorar o lado escuro do Universo

O telescópio Euclides já atravessou a atmosfera terrestre, dando início a uma missão de seis anos para estudar os mistérios do lado escuro do universo (95% do total), onde a luz não se propaga.

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O telescópio Euclides descolou através do Falcon 9 às 16h12 (hora de Lisboa) ESA
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O telescópio Euclides atravessou com sucesso a atmosfera terrestre, dando início a uma missão de seis anos para descobrir e mapear o lado escuro do universo – equivalente a 95% do total. Os cientistas acreditam que as estrelas, planetas e galáxias visíveis representam menos de 5% do Universo; os outros 95% são matéria escura e energia escura, uma realidade que está largamente por explorar.

O telescópio com mão portuguesa foi lançado este sábado pela Agência Espacial Europeia (ESA). A primeira parte da expedição, que levou o aparelho para fora da atmosfera terrestre, ficou a cargo do foguetão Falcon 9 da SpaceX, a empresa de foguetões reutilizáveis de Elon Musk, que descolou da base da agência espacial norte-americana em Cabo Canaveral, nos EUA, às 16h12 (hora de Lisboa).

Depois de um curto voo, o Euclides começou a libertar-se do Falcon 9 para a segunda parte do percurso: uma viagem quatro semanas até Ponto de Lagrange Dois (L2), uma localização estável sem interferência da luz do planeta, da Lua e do Sol, onde deve permanecer durante seis anos a estudar o lado escuro do universo. Fica a cerca de um milhão de milhas (1,6 milhões de quilómetros) da Terra.

Por volta das 16h50, o Euclides já viajava sem ajuda. "O Euclides está a voar a solo. A nave espacial separou-se do foguetão", lê-se num breve comunicado da ESA partilhado no Twitter.

O foco da missão é tentar compreender por que razão é que o Universo se está a expandir de modo acelerado. De acordo com as teorias cosmológicas, isto deve-se à energia escura, um mecanismo que consegue fornecer energia ao Universo. O telescópio, que deve o seu nome ao matemático Euclides, fará isto ao analisar o desvio da trajectória da luz e ao estudar a aglomeração de galáxias.

"O nome 'matéria' escura surge porque esta matéria não interage com a luz", explicou a cosmologista Guadalupe Cañas-Herrera, envolvida no projecto Euclides desde 2011, numa sessão de perguntas e respostas no canal de YouTube da ESA. "Há a ideia que a energia escura está por detrás da expansão acelerada do universo. Chamamos energia escura porque não sabemos bem o que é."

A equipa tem fortes ambições para a expedição do Euclides "Queremos perceber o que está por detrás da expansão do universo que nós acreditamos se deve à energia escura. Mas potencialmente podemos descobrir uma teoria gravitacional melhor. Também esperamos aprender sobre a origem do universo", partilhou Guadalupe Cañas-Herrera.

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