Telescópio Webb capta imagem da região de formação de estrelas mais próxima da Terra

A imagem de Rho Ophiuchi mostra uma nebulosa localizada na Via Láctea, a cerca de 390 anos-luz da Terra. A região tem apenas cerca de um milhão de anos, um piscar de olhos no tempo cósmico.

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A imagem de Rho Ophiuchi, que mostra uma nebulosa localizada na nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 390 anos-luz da Terra Reuters/NASA

A NASA divulgou esta quarta-feira uma imagem do complexo de nuvens Rho Ophiuchi, a região de formação de estrelas mais próxima da Terra. A imagem foi captada pelo Telescópio Espacial James Webb e revelada ao mundo para comemorar a passagem de um ano desde que a agência espacial dos Estados Unidos revelou os primeiros resultados científicos captados pelo telescópio.

O Webb, que foi lançado em 2021 e começou a recolher dados em 2022, mudou a compreensão do universo primitivo ao tirar fotos impressionantes do cosmos. A imagem de Rho Ophiuchi, que mostra uma nebulosa — uma enorme nuvem de gás e poeira interestelar que serve de berço para novas estrelas — localizada na nossa galáxia, a Via Láctea, a cerca de 390 anos-luz da Terra, é um exemplo disso. Um ano-luz é a distância que a luz percorre num ano, cerca de 5,9 triliões de milhas (9,5 biliões de quilómetros).

Rho Ophiuchi tem apenas cerca de um milhão de anos, um piscar de olhos no tempo cósmico. “Aqui vemos novos sóis a formarem-se, juntamente com discos de formação de planetas que aparecem como pequenas silhuetas escuras. É muito semelhante ao que pensamos ter sido o sistema solar há mais de 4,5 mil milhões de anos”, disse o astrónomo e ex-cientista do projecto Webb Klaus Pontoppidan, que agora é cientista e investigador no Laboratório de Propulsão a Jacto da NASA.

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REUTERS/NASA

“À medida que as estrelas e os sistemas planetários se reúnem, fazem explodir o casulo empoeirado a partir do qual se formaram, em explosões violentas. O núcleo Rho Ophiuchi está completamente obscurecido por grandes quantidades de poeira, por isso é essencialmente invisível para os telescópios que trabalham na luz visível, como o Telescópio Hubble. No entanto, o Webb consegue ver através da poeira para revelar as estrelas jovens lá dentro, mostrando os primeiros estádios da vida de cada estrela”, acrescentou Pontoppidan.

A imagem, obtida em Março e Abril deste ano, mostra como os jactos de material emanados pelas estrelas jovens afectam o gás e a poeira circundantes ao iluminar o hidrogénio molecular. Numa parte da imagem, é até possível ver uma estrela dentro de uma caverna brilhante que os seus ventos estelares escavaram no espaço. “Vemos uma nebulosa quase impressionista coroada por três jovens estrelas brilhantes no topo. Ficamos muito surpreendidos com o tamanho e os detalhes dos jactos”, disse Pontoppidan.

Desde que se tornou operacional, o Webb revelou a existência das primeiras galáxias e buracos negros conhecidos. Observou galáxias grandes e antigas, mas notavelmente compactas, repletas de estrelas que se formaram centenas de milhões de anos após o Big Bang, que marcou o início do universo há cerca de 13,8 mil milhões de anos — muito antes do que os cientistas consideravam possível.

“Há quem diga que há poucas partes da astrofísica que não foram tocadas pelo Webb de uma forma ou de outra. Alguns resultados proeminentes incluem a descoberta de novas galáxias e buracos negros no universo primitivo e novas visões de atmosferas exoplanetárias. As imagens de Rho Ophiuchi mostram como o Webb nos dá uma nova janela para a formação de estrelas e planetas”, referiu ainda Pontoppidan.

O observatório orbital foi projectado para ser muito mais sensível do que o seu predecessor, o Telescópio Espacial Hubble. O Webb observa o universo principalmente no infravermelho, enquanto o Hubble examinava principalmente nos comprimentos de onda óptico e ultravioleta. O Webb é capaz de observar distâncias maiores e, portanto, mais distantes no tempo do que o Hubble.

“Em apenas um ano, o Telescópio Espacial James Webb transformou a visão da humanidade sobre o cosmos, perscrutando as nuvens de poeira e observando a luz de cantos distantes do universo pela primeira vez”, disse o administrador da NASA, Bill Nelson, num comunicado. “Cada nova imagem é uma nova descoberta, capacitando cientistas de todo o mundo a fazer e a responder a perguntas com as quais nunca poderiam sonhar.”

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