Com atraso, Costa vai a Pedrógão inaugurar obra em homenagem às vítimas dos incêndios

A obra projectada por Eduardo Souto Moura será oficialmente inaugurada na próxima terça-feira. Afinal António Costa vai a Pedrógão, mas com quase duas semanas de atraso.

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A obra é da IP e foi projectada pelo arquitecto Eduardo Souto Moura Adriano Miranda
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No último fim-de-semana assinalaram-se seis anos dos incêndios em Pedrógão Grande e nenhum membro do executivo de António Costa se deslocou ao local. A atitude será corrigida na próxima terça-feira, com o primeiro-ministro a inaugurar (com atraso) o monumento de homenagem às 115 vítimas dos incêndios florestais de 2017.

Trata-se de uma obra da Infra-Estruturas de Portugal (IP) projectada pelo arquitecto Eduardo Souto Moura, que pretende homenagear todos aqueles que morreram nos incêndios de Pedrógão (e que desde então marcaram Portugal). Mas quando António Costa inaugurar oficialmente a obra, conforme avançou o jornal Expresso, já esta estará concluída há quase duas semanas.

No passado sábado foi informalmente inaugurado o monumento. Questionada pelo PÚBLICO, a IP não clarificou, na altura, se iria realizar uma iniciativa para assinalar esta ocasião, mas referiu que, tratando-se de uma homenagem às vítimas, se considerava o dia 17 de Junho "a data adequada para proceder à sua abertura". Nenhum membro do Governo assinalou esse momento.

A ausência dos membros da equipa do primeiro-ministro foi notada e acabou por gerar desconforto à população. "Este ano, decidimos não convidar ninguém e ver quem é que é verdadeiramente amigo e se quer juntar a nós", disse ao PÚBLICO a presidente da Associação das Vítimas do Incêndio de Pedrógão Grande, Dina Duarte, ao mesmo tempo que deixava clara a mágoa que sentia por não ver no local nenhum governante. Este ano apenas estiveram em Pedrógão Grande representantes do PSD, Iniciativa Liberal e Chega.

A inauguração do monumento por António Costa acontecerá na próxima terça-feira, dia 27, pelas 17h, quase duas semanas após a obra ser dada como concluída pela IP. O primeiro-ministro far-se-á acompanhar pela ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, e pelo arquitecto Souto Moura. Contudo, ainda está por confirmar a presença do ministro das Infra-Estruturas (que tutela a empresa pública responsável pela obra), João Galamba.

Quem já informou que não pode estar presente, por questões de agenda prévia, foi o Presidente da República. Numa nota publicada no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa explica que "teve conhecimento, pela comunicação social, da cerimónia de inauguração, no próximo dia 27 de Junho, do monumento de homenagem às vítimas dos incêndios de 2017 em Pedrógão Grande". A seguir, acrescenta: "Como é sabido, o Presidente da República estará nessa data em Itália, numa reunião da COTEC Europa, juntamente com o Presidente italiano Sergio Mattarella e o Rei Felipe VI de Espanha, encontro esse que terminará ao início da tarde, tornando impossível estar de volta a Portugal antes do fim da mesma."

Apesar disso, Marcelo lembra que já tinha anunciado que tenciona visitar ainda este mês a região afectada pelos "terríveis incêndios".

Os seis anos dos incêndios de Pedrógão não passaram totalmente em branco: António Costa assinalou a data nas redes sociais. Nesse mesmo dia, à noite, esteve presente no jogo da selecção nacional contra a Bósnia, em Lisboa.

No dia seguinte, 18 de Junho, a ministra que acompanhará Costa na inauguração, Ana Abrunhosa, reconheceu e lamentou publicamente a ausência do Governo, tendo prometido que iria ser organizada "uma cerimónia de inauguração como deve ser feita".

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