Noomi Rapace, Carlos Reygadas e Nuno Lopes falam aos jovens cineastas no FEST

Inaugura-se em Espinho a 19.ª edição do certame profissional, com 240 filmes de jovens realizadores a cederem a primazia às 34 masterclasses de veteranos actores e técnicos.

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Claudia Llosa em 2009, quando recebeu o Urso de Ouro no Festival de Berlim HANNIBAL HANSCHKE/Reuters
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Chegado ao 19.º ano de existência, o FEST — Festival Novos Realizadores Novo Cinema inaugura nesta segunda-feira uma edição que a sua própria organização define como de “amadurecimento pleno”. O certame de Espinho, que decorre até 26 de Junho centrado no Centro Multimeios e no Casino, propõe em 2023 240 filmes entre estreias nacionais, secções competitivas e retrospectivas, mas continua a ser no sector da formação profissional e da indústria, em particular com o programa Training Ground, que dá verdadeiramente cartas. Este ano estarão presentes para masterclasses Noomi Rapace, a actriz sueca revelada pelas adaptações dos livros Millennium, de Stieg Larsson; a dinamarquesa Lone Scherfig, realizadora de Italiano para Principiantes ou Uma Educação; a animadora americana Brenda Chapman; o actor Nuno Lopes; o director de fotografia português Rui Poças; Yorgos Mavropsaridis, montador do grego Yorgos Lanthimos; ou o mexicano Carlos Reygadas, um dos realizadores mais provocantes do cinema de autor contemporâneo (O Nosso Tempo, Post Tenebras Lux).

Inevitavelmente, estas presenças — restritas aos participantes acreditados — acabam por “ofuscar” um pouco o programa de cinema, cujos filmes, entre curtas e longas repartidas por várias secções, são exibidos uma única vez ao longo da semana. É pena que assim seja, até porque há motivos de interesse nas escolhas deste ano. O FEST inaugura-se na noite desta segunda (21h30, Centro Multimeios) com War Pony, vencedor da Câmara de Ouro para a melhor primeira obra em Cannes 2022, dirigido a meias pela actriz americana Riley Keough e por Gina Gammell, rodado com actores não profissionais numa reserva nativo-americana do Dakota do Sul (um dos produtores é o americano Jonas Carpignano, autor de A Ciambra); o encerramento oficial (Centro Multimeios, domingo 25, 18h30) far-se-á com Metronom, do romeno Alexandru Belc (melhor realizador na paralela de Cannes 2022 Un Certain Regard).

Entre os títulos da competição internacional de longas, concorrendo para o Lince de Ouro, destacam-se três títulos oriundos da competição de Berlim 2023: Past Lives, belíssimo melodrama da dramaturga coreano-canadiana Celine Song (sábado 24, Centro Multimeios, 21h30; estreia comercial prevista para o início de 2024); Tótem, da mexicana Lila Avilés (Casino, terça 20, 22h); e Disco Boy, do italiano Giacomo Abbruzzese, com o alemão Franz Rogowski (Centro Multimeios, quinta 22, 21h30). Os cineastas Mónica Santos e Tiago Guedes e o agente Georg Georgi serão os jurados encarregues de escolher o filme premiado com o Lince de Ouro.

A retrospectiva desta edição é dedicada à cineasta peruana Claudia Llosa, que, para além de participar no programa de masterclasses, acompanhará as suas quatro longas-metragens, entre as quais A Teta Assustada, Urso de Ouro no Festival de Berlim em 2010. Haverá também espaço à produção nacional; o Grande Prémio Nacional será seleccionado de entre 23 curtas-metragens portuguesas exibidas em quatro programas nas tardes de sábado (24) e domingo (25).

Mas, como já referimos, é o programa profissional que é o verdadeiro centro do evento, incluindo 34 masterclasses e um pitching forum que apresentará a produtores e investidores 24 projectos em processo de criação ou rodagem. O FEST propõe ainda este ano, pela primeira vez, uma outra secção de indústria considerada pela organização como “festival paralelo”, Music Walk with Me, preenchida com apresentações ao vivo de artistas de vários países que já compuseram ou pretendem compor para cinema; entre eles encontram-se os portugueses Legendary Tigerman, Castello Branco e Sensible Soccers.

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