Stanley Fish: “A pós-verdade tem sido a condição humana desde o início dos tempos”

Polémico, fatalista, Fish é um dos nomes mais controversos e citados da crítica e da academia. Especialista em John Milton, chama arrogantes aos que pensam que a universidade pode salvar o mundo.

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Stanley Fish esteve em Lisboa para participar numa conferência na Faculdade de Letras de Lisboa Daniel Rocha
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Sentado no topo de uma enorme mesa de madeira, Stanley Fish toma notas em silêncio. Aos 85 anos, continua a desafiar e a provocar com as suas ideias acerca do papel do leitor, da universidade e da crítica. Esteve em Lisboa para participar numa conferência na Faculdade de Letras de Lisboa sob o tema: Impossible Things: Blind Submission, Anti-professionalism, Interdisciplinarity, Consciousness Raising, Transparency, Artificial Intelligence. Nos gestos de Fish, tentamos captar alguma da essência do professor Morris Zapp, do romance Changing Places (A Troca: Uma História de Duas Universidades, ASA, 1995)​. O britânico David Lodge inspirou-se em Fish. Mas naquele momento do dia seguinte à conferência, o semblante do crítico dá poucas pistas. Até começar a falar na voz sumida, sotaque cerrado, tom assertivo e alguma ironia, passando por temas da conferência onde refutou a ideia de objectividade aplicada ao conhecimento, desmontou a noção de transparência, falou de um dos temas mais sensíveis da actualidade: a inteligência artificial. Conhecido pelo modo como vê no leitor alguém que confere sentido a uma obra, em vez de um “decifrador de significados preexistentes”, diz que o papel do professor é simplesmente o de transmitir conhecimento. O resto pode ser apenas arrogância, como a ideia de que a universidade pode salvar o mundo.

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