Curta de Pedro Costa na selecção oficial de Cannes

O festival vai exibir As Filhas do Fogo, que é também o título do espectáculo multimédia que o realizador criou com o ensemble de música antiga Os Músicos do Tejo.

Foto
As Filhas do Fogo

O Festival de Cannes anunciou esta segunda-feira os filmes que vêm complementar a selecção oficial divulgada no passado dia 13, e um deles é As Filhas do Fogo, de Pedro Costa, uma curta-metragem interpretada pelas cantoras Elizabeth Pinard, Alice Costa e Karyna Gomes.

Resultante do projecto homónimo que o cineasta português desenvolveu com o ensemble Os Músicos do Tejo – um espectáculo interdisciplinar que acompanha a saga de três jovens irmãs cabo-verdianas que chegam a um porto europeu, fugidas de uma erupção do vulcão da ilha do Fogo –, o filme, que vai ser exibido fora de competição, é "uma obra bela, forte, intrigante, inventiva, ao mesmo tempo clássica e moderna, comovente, uma elegia colectiva e um acto político", considerou o director artístico do festival, Thierry Frémaux, citado num comunicado da Clarão Companhia, que se estreou na produção com esta curta de Pedro Costa.

É a quinta presença do cineasta no festival francês. Em 1994, há quase 20 anos, Casa de Lava foi exibido na secção paralela Un Certain Regard; em 2006, Juventude em Marcha chegou à competição oficial; e em 2007 e 2009 esteve na Quinzena dos Realizadores, respectivamente com a curta-metragem Tarrafal – O Estado do Mundo e Ne Change Rien.

Foto
Pedro Costa joão pina

E é o terceiro título português do programa 2023: já tinham sido anunciados A Flor do Buriti de João Salaviza e Renée Nader Messora na secção Un Certain Regard; Légua, de Filipa Reis e João Miller Guerra na Quinzena dos Cineastas (que fará uma homenagem aos 30 anos de Vale Abraão, de Oliveira); a curta Corpos Cintilantes, primeira obra de Inês Ribeiro, na Semana da Crítica.

Entre as novas entradas agora anunciadas pelo Festival de Cannes para esta sua 76.ª edição, contam-se dois filmes em competição: Black Flies, de Jean-Stéphane Sauvaire – centrado no trabalho de um paramédico em Nova Iorque, com Tyre Sheridan, Michael Pitt, Sean Penn e Katherine Waterston –, e Le Retour, de Catherine Corsini, com Virginie Ledoyen, protagonizado por uma mulher a quem uma abastada família parisiense propõe um trabalho que lhe dá a oportunidade de regressar à Córsega, que deixara 15 anos antes em circunstâncias trágicas.

Outros complementos à selecção oficial do festival são Perdidos en la Noche, de Amat Escalante, L’Amour et les Forêts, de Valérie Donzelli, e Eureka, de Lisando Alonso, todos na secção Cannes Première.

Abbé Pierre – Une Vie de Combats, de Frédéric Tellier, será exibido fora de competição, e Only the River Flows, de Wei Shujun, e Une Nuit, de Alex Lutz, integram a secção Un Certain Regard, que o filme dirigido (e interpretado) por Lutz deverá encerrar.

As novidades agora acrescentadas à selecção oficial incluem ainda mais três sessões especiais – respectivamente dedicadas a Little Girl Blue, de Mona Achache, Bread and Roses, de Sahra Mani, e Le Théorème de Marguerite, de Anna Novion – e duas sessões da meia-noite, com Hypnotic, de Robert Rodriguez, e Project Silence, de Kim Tae-gon.

O festival abre no dia 16 de Maio com a exibição do filme Jeanne du Barry, da realizadora, actriz e argumentista francesa Maïwenn, que conta a vida de Jeanne Bécu, mais conhecida como Madame du Barry, uma filha de uma humilde costureira que se tornou a última amante de Luís XV e veio depois a morrer na guilhotina na sequência da Revolução Francesa. Com a própria Maïwenn no papel principal, o filme conta ainda com Johnny Depp, que interpreta o monarca francês, Mevil Poupaud e Pierre Richard.

Sugerir correcção
Comentar