Silvio Berlusconi internado nos cuidados intensivos

Ex-primeiro-ministro de Itália regressa ao hospital depois de um curto internamento, nas últimas semanas. Está “estável” e “consciente”.

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Berlusconi depois das eleições de Setembro de 2022 Reuters/GUGLIELMO MANGIAPANE

Silvio Berlusconi, o multimilionário mais controverso de Itália, figura dominante na conturbada vida política do país ao longo das últimas três décadas, foi internado nesta quarta-feira de manhã nos cuidados intensivos do Hospital San Raffele, de Milão, por onde tem passado com frequência.

Aos 86 anos, deu entrada na unidade de cardiologia com “falta de ar”, segundo os media italianos. “Encontra-se estável, mas sob vigilância”, escreveu a agência de notícias Ansa, citando “fontes parlamentares do Força Itália”, o seu partido. Berlusconi deixara San Raffaele há apenas uma semana, depois de quatro dias internado para realizar exames. Antonio Tajani, vice-presidente do governo e ministro dos Negócios Estrangeiros (e seu aliado desde que entrou na política) garantiu que está "consciente"

Nos últimos anos, Berlusconi, que foi três vezes primeiro-ministro, tem enfrentado vários problemas de saúde. Em 2016, foi operado ao coração e em 2020 passou várias temporadas no hospital por complicações relacionadas com a covid-19 (que descreveu como “a pior experiência da minha vida”). Os problemas cardíacos já vinham da década anterior e, ainda nos anos 1990, foi operado a um tumor, entre outras complicações de menor gravidade.

Nada disto alguma vez o impediu de continuar a fazer política e de se candidatar ao Governo. Aliás, o seu vigor em campanha terá contribuído para os 8,2% do Força Itália nas eleições de Setembro, um resultado factualmente baixo, mas superior ao antecipado pelas sondagens. Para além dos comícios e das declarações aos jornalistas, o magnata dos media adaptou-se a novos formatos, com as suas mensagens eleitorais no TikTok a obterem enorme sucesso.

“Berlusconi consegue ser um parceiro inevitável da coligação” liderada por Giorgia Meloni, disse ao PÚBLICO, depois do escrutínio, Marco Valbruzzi. O cientista político apostava que o veterano dirigente iria “comportar-se, como tinha dito, como maestro da coligação”, formada pelo seu partido, o Irmãos de Itália (a formação da primeira-ministra, descrita habitualmente como pós-fascista) e pela Liga, de Matteo Salvini.

Depois de passar anos a chocar italianos e europeus com propostas mirabolantes, declarações inusitadas e comportamentos duvidosos, transformou-se, nos anos mais recentes, numa espécie de garante de respeitabilidade do bloco de direita e extrema-direita perante Bruxelas.

Apesar disso, tem complicado a vida a Meloni, com declarações de apoio a Vladimir Putin: quando decorriam as negociações para formar o executivo, a agora chefe de governo chegou a avisá-lo que, com ela, o país seria “totalmente parte da Europa e da Aliança Atlântica”, garantindo que “quem não concorda com essa pedra fundamental não poderá fazer parte do governo, mesmo à custa de não se formar governo”.

Nessa altura, já Berlusconi se tinha revoltado contra Meloni, tentando sabotar a eleição do seu escolhido para a presidência do Senado, Ignazio La Russa, do Irmãos de Itália. O ex-primeiro-ministro chegou a anunciar que era candidato ao cargo, um dos poucos que lhe poderiam ainda interessar depois de ter desistido do sonho de chegar à presidência.

Já em Fevereiro, Berlusconi foi absolvido das acusações de corrupção por alegados pagamentos a mulheres que participaram nas suas festas privadas (as festas Bunga Bunga) em troca do silêncio sobre o que se passava nesses serões na sua casa em Arcore, Milão.

Há um ano, Berlusconi celebrou o que chamou “casamento simbólico” com Marta Fascina, deputada do Força Itália desde 2018 e sua companheira desde 2020.

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