Principais partidos dispostos a entenderem-se para eleger Presidente em Itália

Draghi reúne-se com os líderes dos principais partidos da direita e do centro-esquerda, ainda à procura de um nome para a presidência ou de um substituto de Draghi no Governo.

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A contagem dos votos dos "grandes eleitores" na Câmara dos Deputados Reuters/YARA NARDI

Foi preciso esperar pelo início da noite, mas os resultados da primeira votação dos “grandes eleitores” não trouxeram grandes surpresas. Como esperado, numa altura em que nenhum dos principais partidos tomou uma decisão definitiva, a maioria dos senadores, deputados e delegados regionais com direito a voto para escolher o Presidente de Itália entregaram os primeiros boletins em “branco”: com 954 votos contados (em 1008), havia 672 boletins em “branco”.

Antes e durante a votação, os líderes partidários desdobraram-se em negociações e houve os primeiros encontros a reunir na mesma sala dirigentes da direita e do centro-esquerda. Matteo Salvini, presidente da Liga, de extrema-direita, e líder do conjunto da direita, assumiu-se como “fazedor de reis” e teve encontros separadamente com Enrico Letta, secretário-geral do Partido Democrático (centro-esquerda), Giusuppe Conte (Movimento 5 Estrelas) e com o próprio primeiro-ministro, Mario Draghi, que é, ao mesmo tempo, a figura que continua a reunir mais apoios para substituir Sergio Mattarella na chefia do Estado.

Entre Letta e Salvini houve um “longo e cordial diálogo”, que continuará na terça-feira. Com Draghi esteve ainda Letta, enquanto Salvini se reuniu também com os aliados à direita e Letta se sentou com o 5 Estrelas e com o Livres e Iguais. O centro-esquerda anunciou que pediria aos seus “grandes eleitores” que começassem por votar em branco; a direita fez saber que se inclinava para a mesma opção. Os Irmãos de Itália (extrema-direita), de Giorgia Meloni, sugeriram que fariam o mesmo, mas avançaram com uma proposta, o ex-juiz Carlo Nordi.

O partido de Meloni é o único dos grandes que não apoia o Governo de unidade nacional formado em Fevereiro do ano passado por Draghi. Por outro lado, segundo a imprensa italiana, é uma das formações mais interessada em ver Draghi na presidência (Meloni aspiraria a liderar o executivo). Muitos concordam que o ex-governador do Banco Central Europeu seria a melhor escolha, mas temem que quem lhe sucedesse como primeiro-ministro não fosse capaz de manter a unidade quando o país começa a sair de uma crise profunda.

Nem a direita nem o centro-esquerda têm votos para determinar o novo Presidente – até à terceira votação é preciso maioria de dois terços; a partir daí basta a maioria absoluta – pelo que as negociações se devem prolongar mais alguns dias.

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