Depósitos “perdem” 2,1 mil milhões para os certificados de aforro

Montante total de empréstimos à habitação caiu em Fevereiro pelo sétimo mês consecutivo, mas cresceu para a finalidade de consumo.

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Portugueses estão a desviar poupanças para produtos que pagam mais juros Antonio Bronic

Não há dúvidas de que muitos particulares estão a optar por transferir poupanças aplicadas em depósitos bancários para certificados de aforro (CA), tendo em conta a taxa de rentabilidade bem mais alta deste último produto.

Em Fevereiro, seguindo a tendência de Janeiro, o stock de depósitos de particulares reduziu-se em 2,1 mil milhões de euros, totalizando 177,8 mil milhões de euros, de acordo com dados divulgados nesta segunda-feira pelo Banco de Portugal (BdP).

Em Janeiro, o montante acumulado dos depósitos já tinha registado a maior queda desde 1979, ao “​encolher”​ 2,5 mil milhões de euros face a Dezembro de 2022.

Já as novas subscrições de CA aumentaram 2,6 mil milhões de euros em Fevereiro, totalizando 5,5 mil milhões no acumulado desde Janeiro.

A transferência de poupanças dos bancos para o produto de dívida do Estado é explicada pela diferença das taxas de juro pagas aos aforradores. As aplicações de CA feitas em Fevereiro garantiram uma taxa de juro bruta de 3,403%, muito acima do valor médio dos depósitos a prazo, que em Janeiro estava em 0,56% (último dado disponível).

Para as aplicações realizadas no corrente mês de Março, a taxa-base deste produto subiu um pouco mais, para 3,5% brutos, o máximo fixado para este produto, pelo que é de esperar que este produto continue a merecer a preferência de muitos particulares.

Com a queda agora verificada, a taxa de variação anual do stock depósitos abrandou pelo quarto mês consecutivo, passando de 3,7% em Janeiro para 2,1% em Fevereiro.

Empréstimos à habitação abrandam

O montante total de empréstimos à habitação também está a diminuir, mas mais lentamente. No final de Fevereiro, o montante total de empréstimos para esta finalidade era de 99,8 mil milhões de euros, menos 0,2 mil milhões de euros do que no final de Janeiro.

“A concessão destes empréstimos desacelerou pelo sétimo mês consecutivo”, revela o BdP, dando conta de que a taxa de variação anual passou de 4,8% em Julho de 2022 para 2,5% em Fevereiro de 2023.

A amortização total ou parcial de créditos à habitação, beneficiando de condições mais favoráveis —​ pela eliminação da comissão de resgate, de 0,5% nos empréstimos associados às taxas Euribor — também poderão ajudar à redução do stock deste tipo de crédito.

Em sentido inverso está o crédito ao consumo, que subiu para 20,6 mil milhões de euros, o que reflecte um crescimento de 4,6% relativamente a Fevereiro de 2022.

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